Agência Brasil – ABr – O ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, e o representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Tubino, discutiram, pela manhã, um maior envolvimento do organismo na execução de estratégias de desenvolvimento na Amazônia, particularmente, na intensificação da produção das áreas já desmatadas (60 milhões de hectares, dos quais 14 milhões já em estado de degeneração).
Segundo Tubino, é preciso estabelecer políticas de incentivo e reconhecer os serviços ambientais fornecidos, como a mudança no modelo de exploração irracional predatório da região. “O custo do desenvolvimento é pago pela natureza, pois o pequeno e o grande produtor quando precisam de dinheiro, desmatam. Desmatar é como um banco”, enfatizou, acrescentando que são necessárias mudanças de paradigmas relacionadas à sustentabilidade.
Na ocasião também conversaram sobre questões “pós-Johannesburgo”, como segmento à Cúpula Mundial Rio +10. De acordo com o representante, a FAO, como organismo das Nações Unidas, tem a responsabilidade política e de respeito à Agenda 21.
“O governo brasileiro já tem uma estratégia clara do que fazer. A tecnologia existe no país. Já visitei a Embrapa em Belém na semana passada e fiquei impressionado em conhecer a oferta e o estoque tecnológico que a instituição tem. Então, não é um problema de falta de conhecimento ou de tecnologia nacional”, ressaltou Tubino, lembrando que só a força de mercado e sobretudo o mercado que está influenciado internacionalmente pelos subsídios tem sérias dificuldades para que através dos preços se possa mudar o modelo existente.
Ele explicou, inclusive, que é necessário um mecanismo adicional, complementar ao mercado que seria o serviço ambiental. E para isso, conforme Tubino, o Ministério do Meio Ambiente já tem um documento preliminar que está sendo discutido e negociado com a FAO.
Tubino viaja para Roma na próxima semana para ver de que forma a FAO apoiará os esforços nacionais, inclusive do programa pró-ambiente do governo federal, no qual o fundo ambiental serve em parte para compensar os créditos dos produtores para mudanças relacionadas à sustentabilidade deles.
“É muito difícil fazer investimentos quando se têm problemas de incêndio ocasionado por fogo, pois ele destrói as benfeitorias. Temos também a preocupação com o programa Agricultura Familiar e de que forma poderemos atender com assistência técnica ou apoiar os esforços nacionais dos assentamentos do Incra em áreas sensíveis da Amazônia”, encerrou .
Daniela Cunha
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MMC