Biólogos descobrem nova espécie de papagaio na Amazônia

Agência Brasil – ABr – Uma nova espécie de papagaio, cuja principal característica é a cabeça careca com forte coloração laranja, foi descoberta por cientistas brasileiros na Amazônia. A ave foi descrita na edição de julho da revista de ornitologia The Auk e ganhou o nome científico de Pionopsitta aurantiocephala.

Os pesquisadores Renato Gaban-Lima e Marcos Raposo descobriram o novo animal em setembro de 1999, quando coletavam espécimes para o mestrado de Gaban-Lima e para o doutorado de Raposo, ambos alunos do curso de Pós-graduação do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências (IB) da USP e bolsistas da FAPESP.

O papagaio de cabeça laranja, com cerca de 25 cm e 160 gramas, já havia sido capturado pelo ornitólogo Helmut Sick nos anos 50, mas ele pensou se tratar de um exemplar ainda sexualmente imaturo de uma espécie já conhecida, a Curica-urubu (Pionopsitta vulturina). A Curica-urubu também é careca, mas tem a pele preta nessa região. Gaban-Lima afirma que características da morfologia externa e o padrão de distribuição dessa ave foram suficientes para defini-la como uma nova espécie.

A região onde os espécimes foram encontrados também indicou que não se tratava da Curica-urubu. O papagaio foi encontrado no sudeste do Pará, nas margens do rios Cururú-açú e São Benedito, dois afluentes da margem direita do rio Teles Pires, no alto Tapajós. Nessa região a Curica-urubu nunca foi encontrada, ela ocorre somente no médio e baixo Tapajós, a leste, até as proximidades da costa.

Segundo os pesquisadores, o conhecimento sobre a distribuição da Pionopsitta aurantiocephala ainda é muito limitado, pois se restringe a somente cinco localidades onde esse animal já foi coletado (três delas na região do alto Tapajós, uma no médio e outra próxima à foz do rio Madeira), mas provavelmente esta nova espécie e a Curica-urubu se encontram nas regiões do médio e baixo Tapajós e do baixo Madeira.

Os cientistas continuarão a trabalhar com o caso a fim de descobrir qual o status de conservação da ave. Além disso, os autores pretendem entender melhor como foi a evolução da P. aurantiocephala e das espécies “aparentadas” a ela, a fim de compreender a história dos ambientes florestais na Amazônia. “Tal conhecimento é vital para o estabelecimento de áreas prioritárias para a conservação” diz Gaban-Lima. (Hebert França com informações da Agência USP)

Hebert França
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MMC

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