Agência Brasil – ABr – A coordenadora de Projetos do Departamento de Educação da Fundação Nacional do Índio (Funai), Elena de Biase, apresentou, na manhã de hoje, ao Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda) um relatório sobre a atual situação das crianças e adolescentes indígenas que aponta, entre outros tópicos, a incidência de drogas dentro das comunidades.
De acordo com a coordenadora, a Funai pediu um relatório a 50 administrações regionais abordando a questão indígena, das quais apenas 14 enviaram respostas. “O mais impressionante é que todos os documentos citam o consumo de drogas pelos índios e o tráfico também. Já virou um consumo nacional entre os índios”, explicou Elena de Biase, completando que o relatório apresentou também problemas como o alcoolismo, gravidez indesejada e prostituição.
Para Elena, esses problemas são conseqüentes da miséria que os povos indígenas enfrentam. “Nós tínhamos conhecimento de que as drogas já haviam chegado a algumas comunidades, mas não com essas proporções. A mais utilizada é a maconha, porém há casos também de uso da cocaína”, afirmou.
A droga, de acordo com a coordenadora, chega às comunidades tanto por intermédio dos índios quanto por pessoas de fora das comunidades. “Até o final do ano teremos número mais exatos abordando toda a situação indígenas”, prevê Elena de Biase.
Segundo o presidente do Conanda, Cláudio Augusto Vieira, o Conselho Nacional da Criança e do Adolescente vai aprovar um documento orientador para enviar aos conselhos municipais e tutelares com indicações para que os municípios promovam ações e políticas públicas considerando as diversidades das populações indígenas.
“Nós já tínhamos conhecimentos dos problemas apresentados na reunião de hoje, mas isso é em conseqüência do vazio que existe na legislação se vai valer o Estatuto da Criança e do Adolescente ou não. Mas o artigo 231 da Constituição tem que prevalecer. Ele diz que a sociedade brasileira tem que conviver com a diversidade dos povos que existem, só de comunidades são cerca de 281”, explicou Cláudio Vieira, dizendo ainda que dentro dos povos indígenas existe uma série de violação de direitos, “que para nós são considerados violações e para eles costumes”, concluiu.
Roberta Melo
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