Agência Brasil – ABr – O Brasil não teve uma crise de energia no último ano, mas um problema de escassez de água. A opinião é do coordenador de Programas Sócio-Ambientais da Câmara de Cultura, José Henrique Cortez, que participou hoje do seminário Energia e Desenvolvimento Sustentável, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados.
De acordo com José Henrique, o processo desordenado do uso e ocupação do solo que acaba com os mananciais de água também “acontece aqui em Brasília”. Utilizando-se de dados da Universidade de Brasília (UnB), informou que nos últimos 20 anos, num raio de 100 km da região, existem 600 nascentes esgotadas. “Em 2005, pensem bem no que está acontecendo”, alertou.
O objetivo do seminário foi discutir e analisar os temas relevantes sobre energia e meio ambiente. De acordo com Cortez, que fez a última palestra, compareceram ao evento 227 pessoas.
Ele informou à Agência Brasil que este é o terceiro seminário do tema, e que todos aconteceram neste ano. Para ele, os seminários valem a pena porque “ajudando esse processo de reflexão, nós achamos que ajudamos também o processo de consciência”. O coordenador também informou que pretende produzir um grande relatório, para ser divulgado ao público pela Internet.
A realização do evento foi da Câmara de Cultura – uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, com sede no Rio de Janeiro. O patrocínio foi da Petrobras. O evento aconteceu durante todo o dia, e tratou de assuntos como a energia e a sustentabilidade; a mídia ambiental brasileira e o seu papel na formação da cidadania; e a escassez de água neste século.
Outro tema levantado durante a palestra de José Henrique, que também é ambientalista, foi “Quem é o dono da água?”. Pergunta que ele mesmo respondeu: “Cada um acha que é o dono da água”. Para contribuir com a fiscalização da água, o coordenador informou sobre a existência dos comitês de bacias hidrográficas.
Segundo ele, o comitê permite a formação de agências de águas locais, e que são elas “que têm a autoridade de dar a outorga da água, ou seja, autorizar que alguém use, e dizer quanto custa usar”. Ele explicou que a sociedade, as empresas, comércio, cidades e prefeituras formam esse comitê. Qualquer pessoa pode se inscrever, ou montar um comitê.
Ele encerrou a palestra explicando que as razões para a crise hídrica são o estresse hídrico (por falta de gerenciamento), irregularidade pluviométrica, desmatamento ciliar e galeria, além de queimadas, do consumo irracional do solo e da falta de investimentos na área. A programação do evento vai estar à disposição em breve, segundo o coordenador, no endereço eletrônico www.camaradecultura.org
Larissa Jansen