Ibama – No período de 30 de setembro a 31 de outubro deste ano, agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Policiais do Batalhão de Policiamento Ambientai (BPA) realizaram a Operação Marajó em Belém (distritos de Mosqueiro, Icoaraci, Outeiro), Barcarena, Acará, Abaetetuba, Igarapé Miri, Moju, Melgaço, Curralinho, São Sebastião da Boa Vista, Portel e Breves, sudoeste do estado. Durante a ação foram vistoriadas 167 embarcações e aplicados 69 autos de infração que resultaram em R$-1.726.355,60 (Hum milhão setecentos e vinte e seis mil trezentos e cinqüenta e cinco reais e sessenta centavos). A fiscalização atingiu os Rios Guamá, Barcarena, Acará, Abaetetuba, Moju, Pará, Pacajá, Aruanã, Anapu e Camaripi e apreendeu 1.121 animais da fauna silvestre e aquática; 411 ovos de tartaruga/tracajá; 10 kg de carne de caça (paca, tatu, macaco e capivara); 6.710,794 metros cúbicos de madeira em tora; 278,499 m³ de madeira serrada; embargo de uma serraria em Breves; 2,5 toneladas de peixe da espécie pargo; 1.100 unidades de palmito “in natura”; 14 barcos a motor e 400 metros cúbicos de seixo.
Ilegalidade
Ambientalistas calculam que a extração ilegal de madeira e palmito sacrifica cerca de cem mil árvores por ano no Marajó. Os ribeirinhos vendem árvores ao preço de 8,00 reais, com a tora colocada a beira do rio. Em seguida o produto florestal é retirado, pelo intermediário do madeireiro em balsas, “esquentado” em serrarias da região e enviado a Belém. Os corredores dessa ilegalidade, que envolve madeira, palmito e o tráfico de animais silvestres, são os municípios de Breves, Portel, Anajás, Curralinho, Pacajá e Melgaço. A extração ilegal da madeira é promovida por comerciantes e proprietários de pequenas serrarias na região das ilhas. Os madeireiros pressionam para que o caboclo venda a madeira e estabelecem o valor da árvore, em torno de R$ 8,00.
A fome e a miséria na região de Breves e Portel determinam a subjugação do ribeirinho que se torna agente e vítima deste esquema fraudulento que movimenta milhões de reais entre extração ilegal e sonegação de impostos nesses municípios. Breves e Portel estão entre os municípios mais populosos da Ilha do Marajó, que somam 140 mil habitantes, onde tudo gravita em torno do extrativismo vegetal. O exemplo típico desta situação é do Senhor Eloi dos Santos Pantoja, ribeirinho morador do Igarapé Acagantá afluente do Rio Camarapi. Pantoja herdou uma área de 300 hectares rica em espécies florestais como massaranduba, angelim, jatobá, quaruba, entre outras, de alto valor comercial. Durante a Operação Marajó a extração irregular do ribeirinho foi flagrada pelo IBAMA e o BPA. O comprador da madeira fugiu de abandonou o acampamento com dezenas de árvores abatidas no local. A fiscalização do órgão responsabilizou o ribeirinho que foi multado em R$ 34.000,00. No dia seguinte Pantoja foi ao escritório do IBAMA em Breves e apresentou Atestado de Pobreza.
Jangadas
De forma legal ou ilegal o extrativismo vegetal gera o PIB- Produto Interno Bruto na região, onde 90% da receita tributária são oriundos da extração, beneficiamento e exportação de madeira. As balsas e jangadas com toras de madeira que descem os Rios Pacajá, Aruanã, Anapu e Camaraipi, provocam uma visão impressionante refletida no belo Rio Pacajá.
Durante as noites de luar em Portel e Breves a lua parece ser de madeira, tal a quantidade de toras que navega e entope a calha dos rios fruto da extração ilegal feita em glebas de pequenos lavradores ao longo dos Rios Anapu, Pacajá e Camaraipi.
Outro fato constatado de como circula madeira ilegal na região foi à jangada apreendida no Rio Pacajá pelo IBAMA e BPA, com 950 toras de madeira pertencente à Marajó Islands Bussiness, A empresa foi multada em R$ 195.000,00 por transportar com ATPF (Autorização de Transporte de Produto Florestal) vencida, 1.950 metros cúbicos de madeira em tora das espécies quaruba, sumaúma, entre outras,
EDSON GILLET BRASIL