CPI do Tráfico de Animais toma depoimentos

Agência Brasil – ABr – A comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o tráfico de animais e plantas silvestres ouviu hoje, em Brasília, o depoimento de Nelson Simplício Figueiredo, acusado de traficar animais nos estados de Pernambuco e São Paulo. Em 2001, a polícia apreendeu drogas e 2.139 aves e veados que Figueiredo matinha num depósito de gás em frente à sua residência, em Vitória da Conquista, na Bahia.

De acordo com o presidente da CPI, deputado Luiz Ribeiro, essa foi a maior apreensão de animais na história do país. “As investigações mostram que ele mantém contato com os mais conhecidos traficantes de São Paulo e com uma senhora que coordena a captura de animais naquela região”, disse ele, destacando que a denúncia foi feita por pessoas que já trabalharam com Figueiredo.

No depoimento, Figueiredo negou todas as acusações e afirmou que nunca vendeu animais para criadouros. “Eu comercializava aves somente em feiras para o meu sustento, mais isso foi há muito tempo”, alegou o acusado. Ele negou envolvimento com tráfico de drogas e disse que sequer sabe os nomes dos traficantes de animais do país.

Para os integrantes da CPI, as provas contra Figueiredo são muito claras. No relatório final, o nome dele foi incluído como “traficante de animais ativos”. A Comissão ainda encaminhará o caso à Polícia Federal da Bahia, onde Figueiredo terá de prestar declarações sobre as denúncias.

O importante agora é o Ibama descobrir a rede de tráfico da qual Figueiredo participa, quem é o seu patrão e quais os criadouros que ele abastece. O caso serviu para quebrar a seqüência de tráfico ilegal de animais, concluiu o deputado Luiz Ribeiro.

A audiência pública ainda tinha como pauta a acareação entre a coordenadora de Fauna do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Maria Iolita Bampi, e o comerciante Maurício Guilherme Ferreira dos Santos, que mantinha um zoológico funcionando, em Recife, e cobrava R$ 5 por visitante sem autorização do Ibama. Mas depois de ouvir o depoimento do comerciante, a CPI da Câmara dos Deputados desistiu de fazer a acareação. O comerciante reconheceu não ter recebido uma autorização de Iolita, mas apenas uma declaração assinada por ela.

Segundo o presidente da CPI, a declaração, que só foi apresentada hoje, diz que o processo de registro do Chaparral Zoológico, de propriedade do comerciante, ainda se encontra tramitando no Ibama. “A acareação não foi necessária porque o que estava em questão era se Iolita teria realmente dado uma autorização a ele. Como foi provado que Guilherme recebeu uma declaração, o caso foi encerrado. Agora ele terá de esperar para que o seu zoológico funcione legalmente”, comentou.

O tráfico de animais tornou-se um problema seríssimo, estando atrás somente do tráfico de drogas e de armas. Segundo o presidente da CPI, mais de 20 milhões de filhotes de aves e mamíferos são arrancados de seus ninhos e tocas todo o ano. Desses, apenas 1% chega ao destino final, o restante morre nas mãos dos traficantes devido aos maus tratos. “Apesar desse número, o tráfico continua aumentando por ser um negócio altamente lucrativo, que movimenta 10 bilhões de dólares por ano, dos quais o Brasil participa com 15% aproximadamente. A nossa finallidade é investigar tudo isso”, finalizou Luiz Ribeiro.

Adriana Nishiyama

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