ISA – Um dos cinco fóruns regionais e temáticos do Fórum Social Mundial, reunirá delegações de todos os países da Amazônia, em Belém (PA), de 16 a 19/01, para discutir diferentes aspectos de temas como biodiversidade, recursos hídricos, populações indígenas e assuntos específicos, como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
O II Fórum Pan-Amazônico, um dos cinco fóruns regionais e temáticos do Fórum Mundial Social, será um ponto de encontro e articulação das múltiplas formas de resistência dos vários povos amazônidas. O evento, que acontece de quinta-feira (16/01) a domingo (19/01) em Belém (PA), também é definido por seus organizadores como impulsionador de alianças pela vida e contra o neoliberalismo que, no caso da Amazônia, significa degradação ambiental, pirataria, destruição de formas de vidas tradicionais, colonialismo, concentração de terras e de riquezas, intervenção militar e guerra.
Após surgir no ano passado como uma necessidade de articular os povos da Amazônia para uma participação mais conectada no Fórum Social Mundial, o evento conta em 2003 com caravanas partindo de diversos pontos da Amazônia, que já garantem a presença de delegações de todos os países da região e expectativa de reunir cerca de 10 mil pessoas.
“Neste ano, trabalhamos para criar delegações em cada país amazônico, organizando previamente encontros de fronteira, como o de Santa Helena e do Alto Solimões, onde foram discutidos quais seriam os eixos temáticos do fórum. Outra novidade é que com a participação de intelectuais de diversas partes do mundo, como o professor egípcio Samir Amin, do Fórum Mundial das Alternativas, há uma abertura de diálogo sobre a importância global da Amazônia”, detalha Adilson Vieira, secretário-geral do Grupo de Trabalho Amazônico, uma das instituições responsáveis pelo fórum.
Com apoio da Prefeitura de Belém, o Fórum Pan-Amazônico também está sendo organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), Fórum Social Mundial-Capítulo Venezolano, Confederación de las Naciones Indígenas de Ecuador, Union de Travailleurs de Guyane (UTG), Movimiento por la Água (Bolívia), Consejo de Cabildos Indígenas de Colômbia e Unamaz-Associação das Universidades da Amazônia.
Alca como tema transversal
O evento será aberto com a Marcha Toda a América Latina Contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), tema tranversal do fórum, dividido em três eixos: Defender a Soberania Nacional Construindo a Soberania Popular; Água, Florestas e Terras para Sustentar os Povos; e Formação de Identidades Amazônicas e Integração dos Povos da América Latina.
Segundo Vieira, os povos indígenas terão participação ativa, e 60 representantes, de oito etnias, devem chegar hoje a Belém, desembarcando do barco Dom Manuel, que deixou Letícia, na Colômbia, no dia 08/01. Euclides Macuxi, por exemplo, será responsável pela mesa sobre Fronteiras, nações e a questão indígena, Isaías Munduruku falará sobre os direitos étnicos para os povos indígenas e Valéria Tirió, da Associação dos Povos Indígenas Tumukumaque, discutirá a luta da mulher indígena.
Além das mesas-redondas para debater os eixos temáticos, também estão agendados seminários, oficinas, testemunhos e atos políticos, que incluem temas como a Amazônia na Rio+10, política de energia e seus impactos para a região, gestão sustentável dos recursos hídricos, agroecologia, a base aeroespacial de Alcântara (MA), o projeto Sivam, e uma extensa programação cultural, com shows, exposições, exibição de fimes, entre outros.
“Para nós da Amazônia a grande importância do fórum será reunir, pela primeira vez, os povos da região para discutir nosso fututo conjuntamente e não em fragmentos nacionais. Vejo o fórum como ponto estratégico para o estabelecimento de politicas multiculturais e multiétnicas”, destaca Vieira.
Os resultados do Fórum Pan-Amazônico serão apresentados no Fórum Social Mundial, a ser realizado no final de janeiro em Porto Alegre (RS), em um seminário intitulado Vozes da Amazônia. Também será distribuída uma carta de princípios, a ser produzida no encerramento do encontro dos povos amazônidas.
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