Funai divulga nota de repúdio pelo assassinato de índios por todo o país

Agência Brasil – ABr – A Fundação Nacional do Índio (Funai) divulgou hoje (10) a seguinte nota sobre o assassinato de índios no país. “É lamentável que o ano de 2003 esteja iniciando com a morte brutal de indígenas em dois pólos do Brasil, no Rio Grande do Sul e Roraima. No município de Redentora, no Estado gaúcho, a comunidade Kaingang sofre com o assassinato do índio Leopoldo Crespo, de 77 anos, executado por dois rapazes de 19 anos e um menor, de 14. Com chutes, ponta-pés e pedradas, um dos mais idosos indígenas da Aldeia Estiva, da Reserva de Guarita, foi atingido pela covardia enquanto dormia na calçada do município de Miraguai, a seis quilômetros da aldeia onde fora receber a aposentadoria. Um dos jovens agressores já fora identificado por esfaquear outro indígena, na noite do último Natal, próximo à rodoviária de Miraguai.

O fato traz à tona o brutal assassinato do índio Galdino Jesus dos Santos, ocorrido em Brasília em 1997, enquanto também dormia em uma parada de ônibus. Os jovens assassinos, de classe média, mataram o indígena incendiando o corpo com álcool, acendendo, ao mesmo tempo, a indignação da etnia Pataxó, que exigiu Justiça ao crime. O mesmo sentimento invade o coração da comunidade Kaingang, que quer punição aos responsáveis pela execução de Leopoldo Crespo.

Em Roraima foi encontrado, nesta última quinta-feira, o corpo do índio Aldo da Silva Mota, de 52 anos, enterrado no terreno de uma fazenda no interior da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Pai de nove filhos, Aldo era o responsável por conduzir os projetos de criação de gado da comunidade Macuxi na Terra Indígena. Em 2 de janeiro, o índio Macuxi foi chamado à fazenda sob a alegação de que uma rês do rebanho havia invadido a área, e desapareceu. Foi encontrado pelos próprios indígenas em cova rasa, no imóvel, após a visão do corpo enterrado obtida em transe pelo pajé da etnia. A polícia deteve os principais suspeitos e o Ministério Público já encaminha o pedido de prisão preventiva à Justiça Federal.

Seja para o crime motivado pela falta de sentido e valorização da vida, e covardia contra um idoso sem forças para a defesa, no caso do Rio Grande do Sul, seja para a execução premeditada motivada pelos interesses fundiários no caso dos invasores de terra indígena no Estado de Roraima, a Funai clama por Justiça. A mesma que, interpelada pelo Ministério Público, atuou na condenação dos jovens assassinos do pataxó Galdino Jesus dos Santos, e tem reconhecido o direito constitucional originário dos índios às terras. Que os culpados sejam punidos. E os parentes confortados. Artur Nobre Mendes. Presidente da Fundação Nacional do Índio.”

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