Agência Brasil – ABr – O cacique Hilário da Silva falou hoje, em nome da comunidade Kadwéu, sobre a morte do cacique guarani Marcos Verón, em Mato Grosso do Sul, estado que reúne cerca de 45 mil índios de nove etnias, a segunda maior população indígena do país. O cacique pediu a mobilização das autoridades para a elucidação do crime. “Não é a primeira vez, é preciso dar um basta”, desabafou. “Precisamos que os governantes revejam as situações de conflitos por litígio em todo o país”, enfatizou o líder Kadwéu.
O clima ainda é tenso na região sul do estado, onde vivem os índios Guarani-Kadwéu. Hoje de manhã eles fecharam a MS-157, em protesto pela morte do cacique Verón, baleado no acampamento da tribo, próximo a Dourados. O acampamento liderado por Verón fica perto do rio Dourado.
O procurador da República, Carlos Estevão Pessoa e o chefe da Funai em Dourados, Jonas Rosa, acompanham o trabalho de investigação e já visitaram o acampamento. O representante do Ministério Público Federal ouviu as denúncias dos índios e prometeu investigar a morte do cacique. Para os líderes, descobrir como o índio foi morto não é o suficiente. “Morre índio queimado em praça pública, morre índio apanhado em esquina e morre agora outro índio espancado”, disse o cacique Getúlio Guarani, da Aldeia Jaguapiru.
As investigações começaram ontem. O laudo médico revela que a causa da morte do cacique foi traumatismo craniano agudo. Os índios denunciaram que Marcos Verón foi espancado em confronto ocorrido na noite de domingo, e que a mulher dele teria sido estuprada.
O corpo de Marco Verón está sendo velado na região de Porto Cambira e será sepultado amanhã, por volta das 10 horas. O velório está sendo realizado com danças e rezas, às margens do rio Dourado, local escolhido por Verón depois que os índios foram despejados da fazenda Brasília do Sul, em Juti. O caixão está embaixo de uma tenda, informou o líder Kadweu Hilário da Silva. Ao redor estão filhos, netos e amigos.
A Procuradoria da Justiça buscou hoje uma autorização judicial para que o corpo de Marcos Verón seja enterrado na fazenda Brasília do Sul, atendendo a pedido dos índios.
Marília de Castro