Ibama – Até o início da próxima semana, o Ibama espera chegar aos primeiros resultados Operação Iriri, deflagrada nesta sexta-feira, 7/2, na região de Altamira, a oeste do Pará, com o objetivo de investigar as causas e mitigar os efeitos da contaminação que está causando a morte de milhares de peixes e provocando intoxicações em populações que vivem às margem do rio Iriri, um afluente do rio Xingu. Participam da operação cerca de cem especialistas do Ministério da Saúde, Funai, Eletronorte, Fundação Evandro Chagas, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará, Prefeitura de Altamira e ONGs. Embarcações e aeronaves estão sendo mobilizadas para o trabalho.
De acordo com o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel da Rocha, coordenador da Operação Iriri, os especialistas foram divididos em três equipes com os seguintes objetivos:1) Coletar amostras de água, sedimentos e peixes a quarenta quilômetros a jusante e a quarenta quilômetros a montante do município de Altamira – banhada pelo rio Iriri- inclusive na área onde ocorre a captação da água usada pela população local. As amostras serão analisadas nos laboratórios da Universidade Federal do Pará e Instituto Evandro Chagas e apontarão o nível de contaminação da água nesse trecho do rio. A coleta começou nesta sexta-feira;
2) Realizar uma expedição até a nascente do rio Iriri, a cerca de 800 quilômetros de Altamira – para uma profunda investigação sobre as condições ambientais do rio. Nesse caso, amostras serão enviadas para a Universidade Federal do Rio de Janeiro e para a Universidade do Estado de São Paulo (Botucatu) instituições com laboratórios capazes de detectar, entre outros indícios, se há metais pesados ou a presença de agrotóxicos na água. No passado, houve mineração no local. A expedição parte no sábado, 8/2 ;
3) Efetuar um amplo levantamento sócio ambiental em todo o trecho em que foi observada a morte dos peixes e a contaminação humana. Índios Xipáia, da Aldeia Entre Rios (etnia Kayapó) tiveram sintomas de diarréia e ferimentos na boca após a ingestão de peixes contaminados. Médicos da Fundação Nacional da Saúde já estão em campo para atender às situações críticas.
“Ao que tudo indica, trata-se de um fenômeno natural, mas nenhuma possibilidade deixará de ser investigada”, garantiu Flávio Montiel. Não foi constatada até o momento a morte de pássaros ou répteis devido à contaminação. Conforme relatos da população local, houve casos semelhantes no passado, mas não com a gravidade do que se verifica nos últimos dias na região.
Jaime Gesisky