Agência Brasil – ABr – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) vai apoiar o desenvolvimento de ações dentro das reservas indígenas de Dourados e de outros municípios do Estado. Para fazer um diagnóstico da situação, o professor e coordenador do programa Kaiowá/Guarani, da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Antônio Brand, reuniu-se com professores, enfermeiros e lideranças indígenas para levantar os principais problemas da comunidade indígena. Os trabalhos só deverão ser concluídos no mês de agosto, quando será apresentado um relatório geral sobre as condições de vida nas aldeias do município.
Segundo Antônio Brand, o desafio é saber o que está faltando para a população indígena. Brand fala que o Unicef quer participar apoiando diversas ações, mas para isso quer maior clareza no desenvolvimento dos projetos. “Temos que saber a real situação das nossas aldeias”, disse.
O indígena Sílvio Ortiz, que é funcionário da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), disse que as aldeias enfrentam muitos problemas. “Temos que lutar para resolver questões como violência, suicídio e desnutrição. Dar comida é importante, mas não resolve o problema. A parceria que vem sendo feita com a Funasa é importante, tanto que o número de mortes, que antes era de 100 em cada mil crianças nascidas, hoje caiu para menos de 50″, afirmou.
O coordenador de Assuntos Indígenas da Prefeitura de Dourados, Anastácio Peralta, disse que, apesar dos inúmeros projetos levados para dentro das aldeias, as pessoas continuam vivendo quase da mesma forma. “Temos que nos unir, fechar o cerco em torno de um único projeto voltado para o bem-estar de toda a comunidade indígena. É importante a participação de toda a comunidade na discussão das questões” disse Peralta.
A gestora de educação indígena, Teodora de Souza, disse que é preciso o engajamento de toda a comunidade e de entidades que lutam pelos direitos dos índios. “Acredito que nós, professores, agentes de saúde, enfermeiros e lideranças, devemos estar unidos e promovendo constantes reuniões com a comunidade”.
O médico da Funasa que trabalha nas aldeias indígenas, José Lico, lembrou que muitos projetos precisam ser discutidos na comunidade. “É preciso resgatar a auto-estima dos nossos indígenas, e isso não acontece através de decreto. É necessário todo um trabalho envolvendo entidades, governos e, principalmente, os indígenas”, falou.
A professora da Aldeia Bororó, Zélia Benitez, disse que é preciso haver união de todos para evitar que continue ocorrendo evasão escolar, e que as bebidas alcoólicas sejam de fácil acesso para os indígenas. “A situação é bastante complicada. Muitas vezes encontramos mulheres com crianças de nove meses nos braços e que já está grávida de seis meses. Por isso, é preciso que se busquem alternativas para melhorar a situação”.
Segundo o professor Antônio Brand, o que se pretende é saber quais os projetos que já existem, quais os que estão dando resultados e saber porque a maioria não gerou resultado positivo. Isso só será conseguido, segundo ele, a partir de pesquisa feita com as comunidades.
arília de Castro