Jornal do Senado – Das 20 maiores cidades do mundo, 18 delas, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, estão em países pobres e nenhuma tem água suficiente para a população. Os dados foram apresentados sexta-feira, em Plenário, pelo senador Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL), durante pronunciamento em que defendeu a suspensão do contingenciamento de recursos da Agência Nacional de Águas (ANA).
O senador entende ser necessária a manutenção dos recursos orçamentários destinados à ANA, para que ela cumpra o papel de guardiã do uso e manejo das águas. Para este ano, afirmou, o orçamento destinou R$ 87 milhões, mas a previsão de disponibilidade é de apenas R$ 44 milhões, devido ao contingenciamento.
Teotônio ressaltou que há 10 anos, de acordo com o Banco Mundial, 250 milhões de pessoas, em 26 países, já sofriam a escassez crônica de água. E que, a cada 21 anos, a demanda por esse bem tem dobrado. Em poucos anos, previu o senador, o bem estratégico mais precioso já não será o petróleo, mas a água. Ele lembrou notícia divulgada na semana passada, dando conta de que os árabes estão comprando água da Bulgária a preço sete vezes mais caro que o petróleo.
Segundo o parlamentar, relatório das Nações Unidas divulgado em 22 de março último – Dia Mundial da Água –, durante o Terceiro Fórum Internacional da Água, em Kyoto (Japão), destaca que “os problemas mais importantes do século XXI são a qualidade e a gestão da água”.
Teotonio recordou as dificuldades enfrentadas pelos nordestinos com a escassez de água, apesar de o Brasil dispor de 12% de toda a água doce do mundo. E criticou o fato de o governo brasileiro não ter assumido, na última semana, qualquer defesa da proposta das organizações não-governamentais que pediam que a ONU considerasse como direito o acesso a um mínimo de 50 litros de água por habitante/dia. O Brasil, registrou, defendeu, “numa linha comodamente conceitual”, apenas que se considerasse a água como bem social, sobre o qual as nações devem exercer sua soberania.
Teotonio disse que a única saída para o problema da escassez de água, tanto para o Brasil quanto para o mundo, é a sua preservação. Ele advertiu que é preciso evitar que a poluição inutilize para o consumo os recursos hídricos e que o assoreamento esterilize os rios, “para que a história não nos condene como a geração que usurpou do futuro do Brasil exatamente o bem estratégico mais abundante que a natureza nos confiou”.