Estação Vida – Mato Grosso tem grande potencial de se beneficiar com projetos de seqüestro de carbono e desenvolvimento sustentável, a exemplo de experiências pilotos que vem sendo desenvolvidos no estado. Esta é uma das principais conclusões levantadas ontem [31], na I Reunião Técnica dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável e Mudanças Climáticas em Mato Grosso, realizada pela Fundação Estadual do Meio Ambiente [Fema].
O objetivo da reunião foi o de agregar experiências para subsidiar a elaboração do Plano de Ação para proposição de políticas públicas de mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável para Mato Grosso. Sendo assim, a Fema também está estudando com algumas ongs investimentos em tecnologias limpas, como a substituição de fontes de energia fósseis por fontes renováveis, racionalização do uso de energia, projetos de seqüestro de carbono, reflorestamento de áreas degradadas e reflorestamento de matas.
Um dos projetos apresentados na reunião foi o de Seqüestro de Carbono, realizado pela Office National Fôret [ONF], em parceria com o Instituto Pró-Natura e financiado pela Peugeot. Pelo projeto já foi reflorestada em uma fazenda em Juruena [a 850 km de Cuiabá], uma área de quase dois mil hectares com espécies nativas e exóticas onde antes era somente pasto. A expectativa, de acordo com o gerente da ONF-Brasil, Yves-Marie Gardette, é a fixação de 300 toneladas de carbono por hectare reflorestado num prazo de cem anos.
De acordo com o consultor do Pró-Natura, Fernando Veiga, um dos parâmetros de avaliação mais importantes é a contribuição social. O projeto tem um componente de Educação Ambiental em que estudantes visitam a fazenda e conhecem todas as técnicas para a captação de carbono. Além disso, existe a produção de um viveiro que produz mudas para doação de espécies nativas como ipê, aroeira, cedro-rosa entre outras.
O Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia [LBA] realizado pelo Instituto do Milênio em parceria com diversas entidades locais, nacionais e internacionais, também foi apresentado. Um dos objetivos é monitorar a concentração de gás carbônico [CO2] na atmosfera nos municípios de Sinop, Cotriguaçu e Alta Floresta [na região norte e noroeste de Mato Grosso]. Além disso, o LBA foi projetado para gerar novos conhecimentos para entender o funcionamento do clima, ecológico, biogeoquímico e hidrológico da Amazônia.
A partir da realização deste evento, a expectativa é que seja criada uma rede de informações sobre projetos de mudanças climáticas com outras secretarias estaduais, organizações-não-governamentais, sindicatos e federações que representam os madeireiros e agricultores para fortalecer o debate de políticas que incentivem o desenvolvimento sustentável dentro do estado. Em continuidade ao tema, a Federação de Indústria de Mato Grosso [Fiemt] irá realizar de 20 a 24 de abril, um novo encontro, para discutir projetos sobre Mudanças Climáticas e Projetos de Seqüestro de Carbono.
Participaram da reunião também representantes da unidade de Nobres da Votorantins Cimentos, que estão investindo em componentes ambientais, além de gerenciar uma Reserva Particular de Patrimônio Natural [RPPN] e a ong Brasil Sustentável – Brasus, que vem incentivando a Gerência de Mercados Regionais para energias renováveis.
ONG aposta em mercado de energia renovável
O mercado de energia renovável é o enfoque da Brasil Sustentável – Brasus, que apresentou seu projeto na I Reunião Técnica dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável e Mudanças Climáticas em Mato Grosso, realizada na Fema ontem. O projeto “Promoção de Mercados Sustentáveis de Energia Renovável nas Regiões Rurais do Brasil” é inédito no estado e busca levar energia limpa em quatro regiões que não são abastecidas por energia convencional ou com demanda insuficiente, nos municípios de Paranaíta, Nobres, Juruena e Peixoto de Azevedo.
O enfoque é aumentar as opções para suprir esses mercados com energia de fontes renováveis e locais para atender as demandas sociais, residenciais e produtivas. O desenvolvimento das alternativas energéticas é feito por meio da formação de Gerências de Mercados Regionais, que é um consórcio de entidades privadas de atuação local com interesse no desenvolvimento regional, que buscarão parcerias com parceiros públicos e privados.
Um dos objetivos que deve ser ressaltado é o de reduzir ou evitar a emissão de gases de efeito estufa por meio da aplicação de energia limpa, bem como a promoção de práticas agrícolas, de manejo de florestas e outros recursos naturais. Financiado pela Fundação Nações Unidas, com cooperação técnica do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento [PNUD], o projeto tem o acompanhamento da Fema e parceiros como o Instituto Pró-Natura e Instituto Centro de Vida – ICV.