Estação Vida – Cuiabá corre o risco de ter 40% de seu abastecimento de água comprometido. Isso caso a Fundação Estadual de Meio Ambiente [Fema] e o Ibama não tomem providências urgentes em relação à proteção e recuperação do rio Porteira, que nasce em Chapada dos Guimarães e é um dos afluentes dos rios Coxipó [responsável por quase metade do abastecimento da capital] e Mutuca, que já teve seu turismo interrompido por causa da diminuição da lâmina d´água causadas pela erosões sofridas pelas nascente do Porteira. O assoreamento, causado pelas erosões advindas do corte rente ao paredão de Chapada dos Guimarães para retirada da vegetação nativa e substituição por pasto. A ação foi feita pelo dono da Fazenda Chafariz, na época, Genésio Gomes dos Santos, que afirmou já ter adquirido as terras em 1988 com o corte. O proprietário transformou o rio Porteira, de 11 km de extensão, de águas cristalinas com um metro de lâmina dágua em épocas passadas, em um rio com águas vermelhas e de lâmina de apenas dez centímetros.
De acordo com o presidente da Associação de Defesa do Rio Coxipó [Aderco], Abel Nascimento, que luta há quatro anos para salvar o Porteira, em 1999, a Aderco conseguiu reunir e levar até a Fazenda Chafariz, representantes da Fema, Ibama, Empaer, Ministério Público de Chapada, Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Cuiabá, Defesa Civil, UFMT, Juvam e Crea para avaliarem o problema. Ficou constatado que a causa do assoreamento vinha desta fazenda e, na época, o Juvam recomendou que o local fosse isolado e fossem construídas curvas de nível para reverter o problema. Mas isso só poderia ser feito após um laudo técnico pericial feito pela UFMT, que nunca foi feito, segundo Abel.
Na época o conciliador do Juvam, Rui Bueno, afirmou que o problema chegou àquele ponto por omissão do Ibama quanto a solução do problema quando este teve início. De lá para cá o fato só se agravou. As correções não foram feitas e o resultado é a cor cada vez mais vermelha das águas do Coxipó devido ao barro que desce do paredão de Chapada e vem pelo Porteira. “Se as providências não forem tomadas Mato Grosso corre o risco de perder o rio Coxipó em breve. Daí vai estar na contra-mão da história já que todo o mundo está trabalhando em prol da preservação da água e o estado perde um manancial como este”, alerta.
Diante disso, a Aderco faz, esta semana, um novo encaminhamento com documentos com foto e filmagem sobre o problema do rio Porteira e até sexta-feira entrega relatório às autoridades. Segundo Abel o a nova direção do Ibama, em conversa informal, já acenou positivamente para resolver o problema o quanto antes. A urgência da Aderco se dá pelo fato de que com as chuvas cada vez surgem mais erosões e talvez não dê tempo de salvar este rio. É preciso fazer algo enquanto ainda dá tempo. Espero que as autoridades enxerguem isso, finalizou.