Funai – Os cinqüenta Pataxó Hãhãhãe que ocuparam a Fazenda Santo Antônio, localizada no município de Itaju do Colônia, no sul da Bahia, na última segunda-feira (31/03) foram expulsos ontem de madrugada por homens armados. Num clima de tensão, devido o desaparecimento de três índios reencontrados em seguida, os Hãhãhãe retornaram à fazenda Iracema, em Pau Brasil, ocupada por eles desde 2001. Ainda assim, um grupo decidiu voltar à fazenda Santo Antônio e aguardar uma decisão da Justiça. A retomada das fazendas é o meio que os Pataxó Hãhãhãe dispõem para pressionar as autoridades sobre a decisão definitiva de sua situação fundiária, que tramita há mais de 20 anos no Superior Tribunal Federal, em Brasília.
A ocupação da Fazenda Santo Antônio foi decidida pelos Pataxó Hãhãhãe após o atentado sofrido no último sábado (29) pelos jovens índios Jurani Xavier, de 13 anos e Antonio Justo Neto, que foram baleados e atendidos no Hospital de Itabuna. Um dos líderes do movimento de ocupação, Jovanildo Vieira dos Santos, explicou que as lideranças acionaram o Ministério da Justiça e enviaram documento para o presidente da Funai Eduardo Almeida solicitando a presença da Polícia Federal para garantir a integridade dos índios na
propriedade ocupada.
Em Pau Brasil, os Pataxó Hãhãhãe intensificaram sua luta, retirando da Fazenda Iracema, parte do gado pertencente ao produtor Jaime Oliveira do Amor. Os índios contaram que soltaram o gado na estrada porque haviam feito um acordo com Jaime do Amor de esperar pela decisão da Justiça. “Como o processo está muito lento e o vaqueiro do produtor atirou e feriu dois índios, nós decidimos expulsar o gado e os empregados dele”, explicou
Jovanildo.
Ontem, o dono da fazenda ocupada, Marcos Andrade, foi ouvido por agentes federais e esteve na Procuradoria da República e na Justiça Federal, onde deu entrada numa ação de reintegração de posse.
Simone Cavalcante