Agência Brasil – ABr – O Brasil é mundialmente conhecido como o país das florestas. Em grande parte o título se deve à Amazônia, que abriga a maior floresta tropical do planeta e o maior banco genético do mundo, além de um quinto da água potável disponível. Mas essa característica vem se modificando ao longo dos anos pela ação destrutiva dos homens. O avanço da agropecuária e das atividades madeireiras tem desenhado uma Amazônia menos verde.
De acordo com o IBGE, nas últimas quatro décadas o processo de desflorestamento acentuou-se nas bordas sul e leste da Amazônia Legal no chamado Arco do Desflorestamento. Isso está causando o risco de desaparecimento de algumas formações vegetais. O segundo maior conjunto de florestas tropicais é a Mata Atlântica, menor apenas que a Floresta Amazônica e que foi quase totalmente destruída. Os dados do IBGE mostram que, de toda a área original, 1 milhão de quilômetros quadrados, restam menos de 10% cobertos com florestas nativas.
Diante desse quadro, o Brasil não comemora com muito orgulho o Dia de Proteção das Florestas. Quem lamenta esse quadro é do secretário de Biodiversidades e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco. Para o secretário, é preocupante o anúncio recente do INPE sobre o aumento de 40% do desmatamento da Amazônia, com a previsão semelhante para esse ano.
Capobianco defendeu a aprovação urgente do Projeto de Lei da Mata Atlântica, que está há dez anos no Congresso e, conforme afirmou, não se tem conseguido sensibilizar os parlamentares para a urgência de votação.
O secretário destacou como positiva a abertura dos debates com a sociedade e a divulgação dos dados e pesquisas mostrando a realidade. Capobianco destacou ainda a iniciativa do governo de discutir junto com diversos ministérios o desmatamento da Amazônia. “Não há como o ministério resolver sozinho o problema. É preciso um esforço conjunto para produzir um resultado que seja motivo de comemoração, de uma forma mais feliz do que neste ano”, disse.
Para ele, o desafio no momento é transformar as experiências bem sucedidas em políticas públicas, como os processos de licenciamento do desmatamento e as tecnologias de manejo sustentável da madeira e de produtos florestais. Destacou ainda que também é importante sensibilizar o mercado e os financiadores da produção sobre a necessidade de apoio e estímulo ao uso sustentável das florestas brasileiras.
O diretor Regional para a Amazônia da Conservation International, José Maria Silva, defende, junto com outras organizações não governamentais, o desmatamento zero. De acordo com Silva, a proposta é proibir o desmatamento durante quatro anos até que se desenvolva um sistema forte e eficiente de fiscalização, pelo menos na área do Arco do Desmatamento.
Para o diretor da ONG, a fiscalização é crítica e a preocupação é evitar o avanço da exploração ilegal. “Enquanto o governo discute, o pessoal está explorando, abrindo estradas”, afirmou. Os dados da entidade mostram que nos últimos trinta anos a área desmatada na Amazônia equivale ao tamanho da França, cerca de 600 mil quilômetros quadrados.
O ministério do Meio Ambiente incluiu no Plano Plurianul (PPA) o Programa de Conservação e Uso Sustentável dos Biomas Brasileiros e propôs a continuidade do Programa de Uso Sustentável de Florestas, que faz parte do atual PPA.
Cristina Guimarães