Conselho Indígena de Roraima – A Casa de Saúde Indígena de Roraima (Casai/RR), pode fechar nos próximos dias por falta de comida, ocasionada pela superlotação e corte de recursos pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O estoque de medicamentos está chegando ao fim e são precárias as condições de higiene e saneamento. O alerta vermelho foi dado em reunião do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Leste de Roraima, em reunião realizada, no dia 7 de agosto de 2003.
Os integrantes do Conselho Distrital visitaram a Casai para constar as péssimas condições daquela unidade de saúde. Dionito de Sousa Macuxi disse que as organizações indígenas consideram a situação tão crítica que estão somando forças para pedir urgência às autoridades em Brasília. “Tem muitos índios doentes que precisam recuperar sua saúde” afirma.
Este ano, a Funasa cortou mais de R$ 400 mil no orçamento previsto de R$ 1,9 milhão de reais. O coordenador regional da Fundação, Ipojucan Carneiro, afirma que as dificuldades e a superlotação na Casai são conseqüências também do fechamento da Casa de Cura Kekura Yano, unidade que tratava pacientes com doenças infecto-contagiosas.
A Funasa regional necessita da liberação imediata de, pelos menos, R$ 800 mil para manter o funcionamento até o fim do ano. “Caso contrário, infelizmente, teremos a casa fechada”, lamenta o coordenador. Ele comunicou o problema ao governador, Flamarion Portela (PT), e ao secretário de Saúde, Altamir Lago, pedindo ajuda urgente. “Houve uma promessa de repasse de verba no mês de setembro, mas sem nenhuma garantia”, comenta Ipojucan.
A Casa de Saúde tem estrutura para atender em média 150 indígenas, mas a demanda supera 300 internos e acompanhantes. Se as autoridades competentes não tomarem ações concretas, a vida de indígenas dos Distritos Sanitários Leste e Yanomami está comprometida.
O Conselho Distrital de Saúde do Leste, elaborou documento que denuncia a calamidade na Casai e pede uma intervenção da 6ª Câmara do Ministério Público Federal, para que sejam repassados os recursos necessários ao funcionamento da unidade hospitalar. ” A presidência da FUNASA foi alertada repetidas vezes sobre a gravidade desta situação, que compromete o direito a uma atenção diferenciada à população indígena dentro dos rincípios da equidade e da universalidade, sem que medidas efetivas tenham sido adotadas. Tentamos de todas as maneiras encaminhar a questão de uma forma amigável, visando resolver o problema sem maiores tumultos, mas tivemos como resposta apenas intenções vagas e promessas não concretizadas”, cita o documento assinado pelos
conselheiros.