Agência Brasil – O Brasil estará efetivamente enriquecendo urânio a partir do início de 2004, quando a primeira das dez cascatas que serão adotadas na fábrica de Resende (RJ) entrar em funcionamento, embora só ao longo do ano o processo atingirá uma escala que permita seu aproveitamento comercial nas usinas do país.
A informação é do presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Oldair Dias Gonçalves. Segundo ele, já este ano, as centrifugadoras da primeira cascata da unidade de Resende entram em fase de teste, mas operando sem o urânio. Golçalves explicou que com apenas 30% do seu território prospectado, o Brasil já tem a terceira maior reserva mundial de urânio, com cerca de 600 mil toneladas.
“Temos um enorme potencial exportador de urânio enriquecido. Para se ter uma idéia, nossas reservas são suficiente para tocar as nossas usinas por cerca de mil anos. No entanto, descasos de governos anteriores fazem com que hoje, o minério utilizado em Angra 1 e 2 saia de Catité, na Bahia, vá para o Canadá, onde é convertido em gás, seguindo depois para a Europa, onde é enriquecido, e volte em forma de gás para Resende, onde é transformado em pastilha”.
O presidente da Cnen lembrou ainda que apenas seis países no mundo dominam a tecnologia de ultracentrifugação: Rússia, China, Japão, e um consórcio europeu (Urenco) formado por Holanda, Alemanha e Inglaterra – e é justamente este consórcio que abastece as usinas nacionais. Até mesmo a França e os Estados Unidos utilizam uma tecnologia considerada ultrapassada pelos cientistas. Estes dois países desenvolvem pesquisas no sentido de adotar a tecnologia por centrifugação.
Pela cronologia divulgada esta semana nas Indústrias Nucleares Brasileira (INB) o Brasil reúne potencial para exportar até US$ 12,5 milhões ao ano em Urânio enriquecido, já a partir de 2014
Ao entrar para o seleto grupo dos países que dominam a tecnologia de enriquecimento do urânio e, com a terceira maior reserva do mundo, o Brasil passa a ser o sétimo país a dominar o processo de ultracentrifugação industrial e comercial.
Ao comentar as informações o ministro Roberto Amaral, da Ciência e Tecnologia, destacou a economia de divisas para o país da ordem de US$ 11 milhões a cada 14 meses. Hoje, o gasto nacional no mesmo período chega a US$ 19 milhões. “A meta é chegar a 2010 produzindo 60% do urânio enriquecido utilizados nas duas usinas, e já a partir de 2014 as instalações de Resende terão a possibilidade de exportar serviços e tecnologia autônoma nuclear, além de produzir todo o urânio a ser empregado em Angra I e II e, muito provavelmente, também em Angra III, que com certeza nós construiremos”, disse o ministro.
Na avaliação do ministro, a incompreensão do Estado Brasileiro com os seus programas estratégicos prioritário atrasou a entrada do país no seleto grupo das nações que dominam a tecnologia de enriquecimento do urânio via ultracentrifugação. “Está incompreensão levou a que nos últimos dez anos o Programa Nuclear Brasileiro não recebesse os recursos necessários. Por isto, mesmo dominando a tecnologia de enriquecimento desde a década de 80, o país ainda não pode realizar o aproveitamento industrial e comercial que o domínio poderia lhe possibilitar”.
Roberto Amaral disse que governo do presidente Lula fez a opção pelo desenvolvimento da tecnologia nuclear para fins pacíficos e vem tornando isto claro para o país. “A decisão do presidente é clara pela retomada do Programa Nuclear Brasileiro por considerá-lo estratégico para o país. E o programa nuclear não pode ficar, assim como a ciência e o desenvolvimento, a espera das elocubrações dos contadores e burocratas de plantão”.
Nielmar de Oliveira