Divulgar é tão importante quanto fazer

Estação Vida – Tem empresas e instituições que estão executando projetos e ações ambientais, organizando cursos, seminários, lançando livros, etc., todos dignos de mérito, mas que não conseguem divulgar de forma adequada seus resultados ou eventos. Um dos problemas é que se preocupam mais em investir na execução dos projetos, produtos, serviços, eventos, mas não cuidam também dos investimentos na divulgação dos resultados. É como se o simples fato de estarem agindo de forma ambientalmente correta fosse suficiente para virar pauta de qualquer veículo ambiental. Limitam-se a contratar serviços de assessoria de comunicação ou mesmo usam suas próprias assessorias para enviarem releases, na esperança de divulgação, como se coubesse aos veículos financiarem a divulgação dos resultados.

Recebo diariamente, por meio eletrônico, a média de cinqüenta novas notícias ambientais, umas 1.500 por mês. Consigo aproveitar, diariamente, apenas 10, através do serviço de notícias do site www.jornaldomeioambiente.com.br enviado para mais de 100.000 leitores cadastrados e, mensalmente, umas 40 que veiculo através das 20 páginas coloridas do Jornal do Meio Ambiente impresso, cuja tiragem de 25.000 exemplares é enviada por correio e distribuição dirigida aos multiplicadores e formadores de opinião em todo o país.

Essa situação não é muito diferente para os outros editores de mídias ambientais no Brasil. Todos recebem muito mais informações do que conseguem aproveitar. Isso revela um gargalo que tem impedido a democratização da informação ambiental no Brasil.

De um lado, está a iniciativa crescente da Sociedade, através de suas empresas, universidades, organizações do terceiro setor e do próprio governo, em produzir informações ambientais, aparentemente demonstrando que acordou para a nova realidade ambiental do planeta e está passando do discurso e declarações de boa vontade ambiental para a prática.

De outro, a realidade da mídia brasileira, dividida entre a chamada Grande Mídia, que se propõe a atingir a sociedade como um todo, e a mídia especializada em meio ambiente. A Grande Mídia se interessa pela questão ambiental apenas quando ela é notícia de grande impacto, diante de um vazamento ou acidente ambiental, por exemplo. Alguns dizem, com ironia, que a imprensa gosta mesmo é de notícia ruim quando abre manchetes de primeira página diante de problemas ambientais, mas dedica poucas linhas internas diante de soluções.

Já a mídia ambiental especializada não tem a mesma capacidade de infra-estrutura para fazer uma cobertura adequada de grandes acidentes, por exemplo. Não tem recursos para contratar helicóptero ou várias equipes de reportagem para cobertura 24 horas do problema, em compensação, não deixa o assunto de lado depois que ele perde a visibilidade. Além disso, a mídia especializada em meio ambiente vai além dos problemas e também divulga com o mesmo destaque soluções, projetos, eventos ambientais. Infelizmente, existem poucos veículos especializados em meio ambiente no Brasil cujas tiragens são bem menores do que deveriam.

O curioso é que as mesmas empresas e governos que enchem as redações da mídia especializada com releases, por um lado, excluem esses veículos de seus planos de mídia. Também não asseguram recursos para divulgação nos projetos ambientais que patrocinam. Depois se queixam que os resultados obtidos não receberam a divulgação que merecia, que apesar de todo o investimento em projeto de responsabilidade sócio-ambiental a imagem institucional da empresa ou Governo continua péssima, ou que o evento, curso ou seminário ambiental não recebeu o público esperado por falta de divulgação.

* Vilmar Berna é editor do Jornal do Meio Ambiente e Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente – vilmarberna@jornaldomeioambiente.com.br 
 

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