Rota Brasil Oeste – O governo ganhou mais tempo para resolver a situação das 14 fazendas ocupadas por guaranis-caiuás há pelo menos 31 dias nos municípios de Japorã e Iguatemi, sul do Mato Grosso do Sul.
A desembargadora Consuelo Yoshida, do Tribunal Regional Federal da 3ª região, sediado em São Paulo, cancelou a ordem de despejo e determinou a formação de oito comissões com até 20 representantes indígenas para ficar só na entrada das fazendas e permitir a presença dos produtores. Pelo prazo de 20 dias deve ser celebrado um Termo de Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público Federal, União e Funai para prosseguir a identificação da área. A idéia é dar garantias a índios e produtores de que a questão terá prazos determinados e empenho do governo para ser regularizada.
Ontem, índios e fazendeiros chegaram a se confrontar rapidamente com fazendeiros. Os produtores rurais teriam posto fogo em pastagens próximas a uma ponte e os índios reagiram. Os proprietários estavam armados e chegaram a disparar em direção aos guaranis. A Polícia Militar local foi acionada e controlou a situação. Não houve feridos graves.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos comentou a questão e garantiu que o “estado de direito será mantido a todo custo e ninguém está acima da lei ou fora da lei”. Desde a semana passada, os indigenistas Cláudio Romero, William Rodrigues e Odenir Oliveria estão na região negociando a saída dos índios. O presidente da instituição, Mércio Pereira Gomes, também esteve no estado para debater o assunto com o governador Zeca do PT. Mesmo assim, parte das lideranças estariam irredutíveis e se negam a sair do local.
Histórico
Desde o final de dezembro, índios começaram a ocupação de fazendas na vizinhança da terra indígena Porto Lindo, onde moram cerca de 3,2 mil índios. Eles exigem a ampliação da reserva de 1,6 para 9,6 mil hectares, número determinado pelo relatório preliminar feito pelo antropólogo Fábio Mura. A nova terra, batizada como Yvy Katu, ainda está em fase de identificação.