Filhote de peixe-boi resgatado no Amapá

Ibama – Um filhote de peixe-boi de aproximadamente dois meses, medindo 85 centímetros, foi resgatado próximo a uma comunidade de pescadores, no rio Pirativa, no Amapá. O peixe-boi está enquadrado na categoria vulnerável, da Lista Nacional de Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção. Ele foi enviado para a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) – Revecon, em Macapá, de onde deverá ser transferido para um centro de reabilitação supervisionado pelo Ibama/Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de Mamíferos Aquáticos (CMA), em Santarém (PA).

Segundo o médico pediatra Paulo Roberto Neme do Amorim, proprietário da RPPN, trata-se de um filhote do tipo Manati do Amazonas (peixe-boi de água doce que vive na bacia amazônica). “Ele foi encontrado machucado com sinais de mordida de boto e uma marca onde possivelmente teria sido amarrado. Quando chegou fizemos uma assepsia geral e uma esfoliação com bucha vegetal e anti-sépticos, para evitar alguma infecção”, comenta o médico.

Ele disse que o sargento Saulo, do Batalhão Ambiental (AP), relatou o resgate informando que durante uma patrulha de rotina na região pescadores avisaram aos policias que os botos estavam atacando um peixe-boi. Ao averiguarem o fato eles encontraram o filhote que foi recolhido e colocado em um pequeno cercado para ser encaminhado ao Ibama, em Macapá. Por falta de um centro de recuperação de animais no estado o peixe-boi foi transferido para a RPPN, onde, após uma avaliação feita por um médico veterinário, está sendo mantido em uma banheira.

O proprietário da Reserva – onde vivem outros animais encaminhados pelo Ibama – informou que o filhote está com boa saúde e, apesar de ter chegado ao local com dores devido as mordidas dos botos, já está bem. “Ele está sendo alimentado com uma mistura láctea estabelecida pelo pesquisador Z. M. Chacon, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), polivitaminas, gramíneas, alface e capim. Mama de 30 a 40 mililitros de hora em hora, o que dá pouco mais de um litro por dia”, explica Paulo Amorim.

Segundo o médico o filhote poderá ficar na banheira por mais 15 a 20 dias, quando então, caso não seja transferido pelo Ibama, ganhará uma acomodação melhor na Reserva, “podendo, inclusive, ser acolhido permanentemente”.

O Núcleo de Fauna do Ibama em Macapá informou que já foram realizados os contatos com o CMA, para a transferência do filhote para Santarém, o que deverá acontecer por via aérea.

A RPPN – A Reserva Particular do Patrimônio Natural – Revecon, em Macapá, foi decretada em 1996. Está localizada na margem do rio Amazonas e possui 17 hectares. Em seu interior existe uma micro bacia completa, a do Igarapé Mangueirinha.

Ela vem sendo utilizada como centro de recuperação de animais silvestres e possui uma pequena fauna. No local podem ser vistos antas, caititus, quatis, lontras, onça pintada, araras, cachorro do mato, tartarugas do Amazonas, passeriformes como araponga do nordeste, corrupião, cardeais, sabias e outros.

O proprietário da Reserva informou que utiliza o local para triagem e recuperação de animais silvestres que, quando em condições, são posteriormente soltos, e para educação ambiental. Ele conta que recebe muitas turmas de estudantes. Durante a visita na Reserva ele vai explicando o meio ambiente para os alunos e muitos deles se surpreendem de encontrar tão próximo os animais da fauna silvestre. “O sonho da causa ambiental tem que ser plantado na cabeça do jovem”, afirma Paulo Amorim.

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