Funai – A Fundação Nacional do Índio (Funai) quer saber quais as perspectivas que os jovens indígenas têm sobre o futuro, quer conhecer os motivos de suas alegrias e tristezas, seus heróis e vilões e contribuir para a busca da implementação de projetos e ações educativas e de assistência social que garantam a esses jovens o acesso a direitos sociais básicos. É com essa meta que a educadora social, Helena de Biase, responsável pela ação do programa da Funai intitulado Apoio a Jovens Indígenas em Situação de Risco Social, e a coordenadora substituta de Educação da Fundação, Neide Siqueira, iniciam, quarta-feira (23), uma série de oficinas em aldeias dos estados de Mato Grosso, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Bahia e Pará.
A primeira oficina será realizada no município de General Carneiro (MT), na aldeia Guadalupe. A expectativa é reunir 150 jovens Xavante. Nos três dias de atividades serão discutidos temas como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), futuro, prevenção de doenças, em especial, DST/Aids, drogas e valorização da cultura.
O projeto vai atingir jovens de etnias como Tikuna, Guarani, Pataxó, Xavante e Kaingangue e também deverá ser levado a outras aldeias. Dados da Funai indicam que perto de 60% dos 410 mil índios, ou seja, 246 mil são jovens com idades entre 12 e 25 anos.
“O resultado final dessas atividades será fundamental para que a Funai consiga traçar uma política adequada de atendimento aos jovens indígenas, bem como buscar parceria com os Conselhos Tutelares”, explica Neide Siqueira. Entre os principais problemas enfrentados por essa população, a professora destaca situações de risco e conflitos de vários tipos causados em função do pós-contato com a sociedade não índia, e a falta de perspectiva com relação à formação e à vida adulta. Segundo Neide, as comunidades indígenas vêm sofrendo as conseqüências das frentes de expansão da sociedade nacional, cada vez mais próximas de seus territórios. “Com isso, os indígenas precisam buscar novas respostas para a sobrevivência física e cultural, de forma a garantir às próximas gerações melhor qualidade de vida. Dentro desse contexto, essas comunidades ainda não estão com os direitos sociais básicos garantidos”, observa.
Fóruns
Além dos encontros nas aldeias, com discussões sobre os problemas enfrentados pelos jovens indígenas, serão desenvolvidos trabalhos em grupos e levantamentos de propostas e soluções, sob o ponto de vista da ação da Funai, prevista no Plano Plurianual de Governo (PPA/2004/2007), que inclui a instalação de fóruns de discussão com jovens indígenas que residem fora das aldeias.
O objetivo do programa de fóruns é fazer com que os jovens tornem-se multiplicadores do processo, divulgando seus direitos e promovendo a participação das famílias em situação de risco na construção de propostas locais.
A expectativa é no sentido de que essas iniciativas influenciem a implementação de políticas públicas voltadas ao atendimento das necessidades dessas comunidades, respeitando seus interesses e a diversidade étnica.
Os fóruns de jovens indígenas terão início em julho, em Manaus, e prosseguem até novembro nas cidades de Barra do Garças (MT), Dourados (MS) e Tabatinga (AM).