I Encontro da Agricultura Familiar reúne 3 mil pessoas em Brasília

Agência Brasil – O debate sobre a agricultura familiar volta à capital dois meses depois do Grito da Terra – manifestação que reuniu cerca de cinco mil líderes trabalhadores rurais ligados à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura (Contag). Desta vez, as discussões serão coordenadas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), que realiza de hoje a sexta-feira (16) o I Encontro Nacional da Agricultura Familiar.

A Fetraf espera reunir cerca de três mil agricultores no pavilhão do Expo Brasília, no Parque da Cidade. “São 72 ônibus de dez estados e hoje já teremos muitos debates”, informou Altemir Tortelli, coordenador geral da Fetraf Sul, região onde a presença da entidade é maior. “Queremos negociar políticas que mudem, de fato, a realidade da agricultura familiar.” Os líderes da Fetraf confiam no interesse do presidente em participar dos debates.

Para eles, o governo federal tem demonstrado disposição para atender às demandas do campo. E um exemplo disso seria o aumento no repasse de verbas para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para R$ 7 bilhões. “O setor agroindustrial ainda recebe cerca de R$ 10 bilhões a mais que os agricultores familiares. Esperamos que, em quatro anos, essa diferença diminua”, afirmou Altemir Tortelli. Segundo ele, a reforma agrária continua sendo a parte mais frágil da política do governo para o campo.

“Também precisamos de mudanças profundas na política de crédito agrícola, além de uma revisão no conjunto de projetos destinados à aquisição de produtos da agricultura familiar. A erradicação da fome no Brasil só será possível com o desenvolvimento efetivo desse setor.”

A agricultura familiar é responsável por quase 40% do valor bruto da produção agropecuária brasileira. Mais da metade da mandioca, do feijão e das carnes consumidas no país saem de propriedades familiares. Atualmente, uma das grandes preocupações das lideranças é com a migração de jovens do campo para a cidade em busca de educação e emprego. Os mais engajados têm presença confirmada no encontro desta semana. “A juventude é vida para o movimento. Ela nos torna mais firmes e fortes”, diz o coordenador geral da Fetraf/Sul.

Juliana Cézar

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