Uma comitiva da Organização das Nações Unidas (ONU) virá ao Brasil no dia 17 para verificar denúncias de violação de direitos humanos na tribo xavante Marãiwatsede, acampada há nove meses na BR 158, no Mato Grosso. Nas últimas duas semanas, três crianças xavante morreram vítimas de pneumonia e desnutrição. Outras 14 estão internadas nos hospitais da região.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a comitiva de 15 pessoas será liderada pelo relator Nacional para o Direito Humano ao Meio Ambiente, Jean Pierre Leroy. Serão percorridas ainda outras áreas indígenas do estado. No dia 24, ocorrerá uma audiência pública sobre o assunto em Cuiabá.
O presidente substituto da Funai, Roberto Aurélio Lustosa, acredita que a visita da ONU é uma prova da importância que a comunidade internacional dedica à questão. “Espero que essa ação contribua para despertar a opinião pública para uma crise humanitária grave, que tem penalizado, sobretudo, as crianças”, diz Lustosa.
Os xavante Marãiwatsede foram expulsos na década de 60 de sua terra original. Transferidos para outras tribos, enfrentaram lutas por espaço e dificuldade de adaptação. Em 1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu o direito dessa população à terra e assinou a demarcação da área.
No entanto, liminares judiciais concedidas a fazendeiros têm impedido a entrada dos índios na região. “Cansados de esperar, os índios resolveram acampar perto da terra que lhes pertence”, diz o administrador da Funai, Edson Beiriz. O acampamento conta com 480 índios. Entre eles, aproximadamente, 120 crianças, incluindo recém-nascidos.