Xavantes constroem aldeia provisória ao retornar à reserva

Dois dias depois de voltarem à terra de onde foram expulsos há 40 anos, os índios xavantes Marãiwatsede, do Mato Grosso, levantaram uma aldeia provisória com casas de lona, madeira e palha. As mulheres trabalham na construção enquanto os homens fazem a vigilância da área.

O retorno dos xavantes à reserva foi decidido na última terça-feira (10) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Por unanimidade, o tribunal derrubou liminar que autorizava a entrada de fazendeiros na reserva.

A terra indígena Marãiwatsede está situada no município de Alto Boa Vista (MT) e conta com 165 mil hectares. A reserva estava ocupada por cerca de 400 famílias de posseiros, fazendeiros de soja e madeireiras clandestinas. Os índios xavantes estão, desde a década de 60, fora de sua terra original. Nessa época, o governo de Mato Grosso vendeu a área a um grupo de usineiros do interior de São Paulo e a tribo acabou expulsa. Cerca de 500 índios estavam acampados há quase um ano na BR 158, em Mato Grosso, para reivindicar o direito de voltar à terra.

Por enquanto, os índios vão ocupar apenas uma fazenda de três mil hectares. Os xavantes aguardam o ex-gerente da fazenda para negociar a retirada das máquinas e animais. O irmão do cacique, Rufino, pensa em ficar com o gado caso o ex-proprietário das terras não compense a tribo pelo uso da área "Vamos ter que ficar com o gado porque eles não pagam indenização prá gente. Tanto tempo que ficaram aqui, desde 65… Então, nós temos que aproveitar e cobrar deles", disse Rufino.

Uma equipe da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) acompanha os xavantes. Eles cuidam da saúde e da alimentação na aldeia que acaba de ser instalada. O professor da tribo, Leonardo, pensa em iniciar as aulas assim que as casas ficarem prontas. Ele ensina a língua xavante, português e matemática .

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