Os ashaninka é um dos mais numerosos povos indígenas da América do Sul. Eles estão em maior número no Peru e, no Brasil, se encontram perto dos rios Envira, Breu e Amônea, no Acre. São 70 mil índios. Deste total, aproximadamente 900 vivem no Brasil.
Para esses índios, o segredo da vida está em aprender com a natureza. Os sons deste aprendizado foram gravados no CD “Homãpani Ashaninka”, em 2000, que gerou um convite da organização da terceira edição do Rock’n Rio (2001). No dia 20 de janeiro de 2001, o show de rock abria espaço para as flautas e percussão da música tradicional dos índios, que foi passada de geração em geração de forma ritualística. Ontem à noite, os músicos se apresentaram no Cine Brasília, na abertura da Semana Ashaninka, que teve a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Os ashaninka chegaram ao Brasil há aproximadamente um século, vindos do Peru, e foram usados como mão-de-obra escrava, o que os levou a conhecer costumes brancos. A cultura deste povo foi preservada pela organização. As músicas retratam momentos de tristeza ou alegria, pedem força aos pássaros, animais, florestas, plantas, estrelas, lua, sol e água para superar todas as dificuldades e ajudam nos momentos de concentração, Para os ashaninka, música não é apenas diversão, mas resume o conhecimento que garante a sobrevivência. “A música transmite energias de amor, espirituais e formas como Deus monta a natureza e manda ela para nós. Tem músicas que você canta para espantar o mal e trazer a energia do bem. Tem as que você canta louvando a Deus e pedindo vida longa”, explica o índio ashaninka Moisés Piyãko.
Ainda em 2000, os ashaninka produziram o filme "Ari Okãta Haka" (Aqui é assim), que será exibido hoje (21), às 18h, no auditório da reitoria da Universidade de Brasília (UnB). O vídeo foi exibido no 33° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no Festival de Cinema do Porto, em Portugal, e na Holanda.
A cultura deste povo inclui também artesanato, manejo de abelhas, pesquisa de aromas e óleos essenciais, educação tradicional e gestão ambiental. Vídeos, exposição de fotos e debates compõem a Semana Ashaninka, que vai até o dia 24 e quer mostrar não apenas a arte, mas o manejo de recursos sustentáveis, a lutas e conquistas desses índios, que tiveram suas terras demarcadas em 1992. Na área de 87 mil hectares vivem aproximadamente 450 ashaninkas. As atividades da Semana serão realizadas no Cine Brasília (106 Sul) e na Universidade de Brasília.