O índio ashaninka Moisés Piyãko fez críticas à Fundação Nacional do Índio (Funai), após a exibição do vídeo “O Divisor que nos Une”, ontem à noite, no Cine Brasília, durante a abertura da Semana Ashaninka, promovida pela Universidade de Brasília (UnB).
Segundo ele, a Funai tem “formas ruins de tratar a população”. O índio afirmou que “a fundação tem que buscar aliados e não deveria ficar só quieta ganhando seu salário”. Moisés ressaltou que “proteção não é só para fazer quando se está sendo invadido, mas é prevenir, aplicando trabalhos de desenvolvimento, onde a população possa se preparar para defender seus direitos”.
O índio citou exemplos que teriam ocorrido na relação entre as tribos Ashaninka e a fundação no decorrer de sua história. “Tivemos pessoas da Funai que chegaram com policiais federais nos impedindo de fazer reuniões. Isso é um erro, qualquer pessoa pode fazer uma reunião. Não existe essa proibição na Constituição Federal”, lembrou.
Ele também acusa a Funai de não ter ajudado os índios quando lutavam pela demarcação das terras, ocorrida em 1992. “Nos chocou muito, quando viemos a Brasília para conseguir terra, a Funai do Acre mandou um relatório dizendo que não éramos indígenas, que eram antropólogos que estavam fazendo isso e não existia índios ashaninka”, afirma.
Um terceiro caso ainda teria ocorrido, segundo Moisés Piyãko: a “Funai disse aos jornais que tinha arrancado cocaína da nossa comunidade”, diz. E questiona: a "Funai é para proteger ou para destruir”?
O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, por meio da assessoria de imprensa, classificou as denúncias de vazias. A assessoria informou que ele está participando de um encontro com as lideranças ashaninka em seu gabinete. Segundo Mércio, jamais as lideranças indígenas tiveram tanto espaço para o diálogo como neste governo. Sobre a demarcação e homologação de terras, ele disse que a Funai aguarda a publicação de portarias declaratórias, que devem sair ainda nesta semana no Diário Oficial da União (DOU). Mércio afirmou que todas as reivindicações dos indígenas vêm sendo atendidas, de acordo com os escassos recursos da entidade.