A Amazônia inóspita, com florestas impenetráveis, rios gigantescos e habitada por feras e índios, apesar das agressões, continua pujante. Certamente, os ideais que nortearam a liderança dos Villas Bôas na Expedição Roncador-Xingu contribuíram para isso. Sem eles, a floresta e os índios teriam sofrido muito mais. Sob outro comando, a Marcha para o Oeste poderia ter descartado a complexa e delicada tarefa de contatar índios selvagens. Seria muito mais prático e rápido dizimar as aldeias, como fizeram nossos primeiros colonizadores e os bandeirantes.
O Parque Indígena do Xingu é apenas um naco do imenso retalho que os Villas Bôas confeccionaram nos 35 anos que passaram na selva. Outras heranças da Expedição Roncador-Xingu são as cidades e estradas que nasceram nos rincões do país, ligando os vários Brasis e possibilitando o desenvolvimento de regiões outrora inabitáveis. Mas, como diziam os Villas Bôas, ainda há muito a ser descoberto.
Em sessenta anos de uma luta silenciosa pela sobrevivência, o sonho de uma nação rumo ao Oeste ainda está se concretizando. Num país que continua a manter sua visão virada para o litoral e além-mar, o Araguaia delimita um refúgio para tradições milenares, natureza e novos valores. Esotéricos, sertanejos, garimpeiros, índios e gaúchos compõem hoje o fascinante, violento e dinâmico mosaico cultural do Brasil Central. Uma região onde riquezas, lendas e, sobretudo, profecias sobrevivem. Palco de um fenômeno humano e tipicamente brasileiro, no qual o futuro de um povo se constrói a olhos nus.
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