Movimentos sociais e governo querem praticar na luta pela erradicação do trabalho escravo a mesma estratégia usada no auge das campanhas de combate ao trabalho infantil: expor a cadeia produtiva à sociedade brasileira. O objetivo seria mostrar de "ponta-a-ponta" as empresas que usam ou transmitem pela cadeia econômica o trabalho escravo.
"Agora, está na hora de entrar em outro terreno, que é a da cadeia produtiva. Ou seja, alertar as empresas que consomem produtos oriundos do trabalho escravo a não fazê-lo sob pena de ter uma divulgação do seu nome e seu prestígio vinculado ao trabalho escravo, uma forma hedionda de espoliação da pessoa humana", afirma o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, durante o 5º Fórum Social Mundial. O Instituo Ethos também apoiou a idéia durante o FSM 2005.
Atualmente, a "lista suja" com o nome de 166 empresários que utilizam trabalho escravo é o instrumento efetivo de "punição moral" e proibição de créditos em bancos públicos. A vinculação na cadeia produtiva seria o próximo passo nesse constrangimento aos escravocratas. O trabalho escravo está presente nas regiões da fronteira agrícola brasileira e tem ligação com o agronegócio.
Durante a oficina "É possível erradicar o trabalho escravo?", Nilmário Miranda sustentou que o governo federal vem cumprindo mais da metade das metas estabelecidas no Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. "Dois anos atrás, também no Fórum Social Mundial, o governo prometeu erradicar o trabalho escravo. E se nós não conseguirmos erradicá-lo em nosso governo, isso será uma derrota", disse.