“Estamos desmontando a maior rede de corrupção contra o desmatamento da Amazônia”, anunciou Marcus Barros, presidente do Ibama, em entrevista coletiva na sede da Polícia Federal, em Cuiabá (MT), sobre as prisões de empresários madereiros, despachantes e funcionários do Ibama feitas pela Operação Curupira, da PF.
Até o meio da tarde desta quinta-feira, mais de 80 pessoas haviam sido presos no Mato Grosso e em outros estados pela Polícia Federal. “O esforço não será em vão. Levar até as últimas conseqüências é compromisso deste governo”, disse o presidente do instituto lembrando os recentes esforços do Ministério da Justiça, Controladoria Geral da União e Polícia Federal para coibir processos de corrupção e prender responsáveis.
Marcus Barros atendeu à imprensa junto com o procurador Mário Lúcio Avelar, do Ministério Público Federal, que destacou o trabalho em conjunto do Ibama, MPF e Polícia Federal e relacionou o crime às altas taxas de desmatamento no estado do Mato Grosso (48% do total verificado entre agosto de 2003 e agosto de 2004).
“Um país civilizado não pode seguir com essas taxas de desmatamento”, disse o procurador que também ressaltou o tamanho e a longevidade da rede de corrupção: “isso aqui não pode ser obra de um servidor do Ibama. Esses cidadãos que agora estão sendo presos aumentaram os seus patrimônios nos últimos 20 anos”.
O interventor do Ibama no estado, Elielson Ayres de Souza, concorda com a avaliação do procurador: “Mário Lúcio tem razão. O crime não é do Ibama, mas de pessoas inescrupulosas que fizeram uso do órgão”.
De acordo com a Polícia Federal o esquema de corrupção devastou 43 mil hectares, área equivalente a 52 mil campos de futebol, 66 mil caminhões (em fila equivaleria a distância entre Curitiba e Salvador), o que equivale à R$ 890 milhões.