Apesar de estar a apenas a 205km de Palmas, TO, e ter visitas regulares de milhares de visitantes, o Jalapão continua sendo um local isolado. Os moradores contam que comemoraram a chegada da primeira geladeira em 1985. Há uma década atrás, a viagem até Porto Nacional, distante 136km, era uma aventura de dois dias pelas serras. Aliás, a região continua tendo uma das menores densidades populacionais do Brasil: 0,8 habitantes por quilômetro quadrado (dados do governo do Estado do Tocantins).
Hoje, cidades como Ponte Alta de Tocantins convivem com uma nítida dicotomia. Só agora os moradores começam a assimilar as mudanças trazidas pelo desenvolvimento do novo Estado e o advento do turismo. A valorização do artesanato de capim dourado – cujos trabalhos chegam a valer algumas centenas de dólares no exterior – mudou as relações econômicas locais.
Casas de pau-a-pique e sapê são as acomodações mais comuns dos arredores da cidade e doenças como a hanseníase ainda atacam pessoas na região. Foto: Fernando Zarur
Há cerca de oito meses, por exemplo, comemorou-se a inauguração da primeira linha de ônibus regular a atravessa a região até os sertões da Bahia. Enquanto isso, o dono da carrocinha de cachorro quente da pracinha precisa encomendar o pão com um dia de antecedência porque o padeiro nem sempre tem os ingredientes necessários para o ofício.
Outro dado interessante: a cidade encontra-se no que se chama de “sombra” nas transmissões de rádio. Ou seja, os moradores locais estão, talvez, em um dos únicos locais do Brasil onde há pessoas que desconhecem o chavão: “Em Brasília, 19 horas”. Hoje, no entanto, quem pode compra uma antena parabólica e abre uma janela ao mundo da televisão e rádio. Ainda é comum, também, achar quem de lá nunca tenha saído. “Como é o rio Tocantins?”, a pergunta nos surpreendeu na cidade, localizada a pouco mais de uma hora de carro das margens do próprio.
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