É inegável que os visitantes, a venda de capim dourado, a chegada do asfalto e da televisão; transformam a vida em cidades como Ponte Alta do Tocantins. Apesar do relativo isolamento que persiste para a população local, todo final de semana e principalmente durante as férias, cruzam a praça da cidade dezenas de carros importados preparados para enfrentar as estradas de terra, areia e lama.
Com o aumento do afluxo e da fama, um assunto que preocupa é o controle e o cuidado que devem ter os visitantes. Mesmo que vários jipeiros procurem preservar a natureza, as erosões provocadas por motoristas menos atenciosos preocupam. Os veículos com tração 4X4 abrem caminho para água passar pelo frágil solo arenoso do Jalapão. Cada pista improvisada no meio do mato tem potencial de se transformar numa enorme erosão em poucos anos.
A cachoeira da Formiga é um dos pontos turísticos que continuará aberto à visitação, por se encontrar fora das áreas da nova reserva. Foto: Fábio Pili.
Outros lugares, como o fervedouro, sofrem com abusos e excesso de visitantes. A mina dágua encanta pelo inusitado: é simplesmente impossível afundar. Nem mesmo um homem adulto, saltando de boa distância, com todo seu peso; consegue mergulhar. O fenômeno é explicado pelo lençol freático que aflora com força total. Uma prova da abundância da região.
Há cerca de dois anos as bordas do pequeno poço se romperam por causa do excesso de nadadores ávidos para sentir o impressionante efeito da corrente. As margens tiveram de ser escoradas por sacos de areia e a situação está temporariamente sob controle. A estimativa é que a solução improvisada resolva o problema por menos de dois anos.
Além disso, os grupos que vêm de todo o país passam, às vezes, sem deixar benefícios econômicos para os locais. As iniciativas de turismo de maior envergadura são raras e estão praticamente limitadas à única pousada de grande porte, localizada longe das cidades, e ao caminhão que faz uma espécie de safári pela região. Na prática, a estrutura turística é incipiente e os estímulos governamentais estão sempre ligados a apadrinhamentos políticos.
Seu Florêncio controla o acesso à cachoeira da Formiga, um dos principais pontos turísticos da região. Cada visitante paga uma taxa de R$ 5 pela entrada. Foto: Fábio Pili.
Em Ponte Alta, por exemplo, só agora começam a surgir os primeiros tímidos negócios relacionados ao turismo. A Pousada e Restaurante Planalto, o Hotel e Restaurante Coelho, o Hotel e Restaurante Turibe e o Restaurante Beira-Rio – que tem um ótimo PF com pescado frito – são os quatro únicos estabelecimentos do tipo localizados na cidade.
Entre eles, o destaque fica para a Pousada Planalto, administrado pela Dona Lázara Silva. A hospedaria não traz grandes luxos, mas acolhe o viajante como parte da família. Lembrando as antigas pousadas de interior, o visitante tem privilégios que nenhum hotel cinco estrelas oferece, como o direito a saborear um bolo de milho caseiro.
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