IBAMA – O Ibama abrirá as Reservas Extrativistas para o ecoturismo, atividade que atrai milhares de pessoas de todo o mundo em busca de redutos naturais onde existem paisagens selvagens, populações nativas e possibilidade de contato com o meio ambiente preservado, exatamente o que têm a oferecer as reservas brasileiras. A intenção é que os primeiros roteiros sejam abertos ao público a partir de dezembro deste ano, informa o chefe do Centro Nacional de Populações Tradicionais-CNPT, Atanagildo de Deus Matos.
O primeiro passo do trabalho já foi dado. Trata-se de um amplo diagnóstico que começou a ser feito esta semana na Reserva Extrativista-(Resex) do Lago do Cuniã (RO) e que será expandido para as Resex do Cajari (AP), Tapajós-Arapiuns e Soure (PA), Lagoa do Jequiá (AL), Corumbau (BA), Ilha do Cajual e Quilombo do Frechal (MA). Essas foram as primeiras onde as comunidades locais demonstraram vocação e interesse em desenvolver a atividade.
“Desde a sua concepção até a realização, o Programa Estratégico de Incentivo ao Ecoturismo nas Reservas Extrativistas tem a participação das comunidades locais em cada uma das áreas. São as comunidades que decidirão se querem e de que maneira pretendem implementar a atividade turística”, explica Gabriela Silva Noronha, gerente do programa. O preceito segue o mesmo princípio de criação das reservas cuja essência é a gestão participativa. “Tudo é feito conforme os interesses das populações tradicionais”, diz a gerente.
As primeiras oito reservas escolhidas como piloto do programa receberão cursos que as capacitarão para elaborar o diagnóstico sócio-econômico da comunidade. O diagnóstico servirá de base para a elaboração de um plano de desenvolvimento local sustentável. “Se nesse processo a comunidade identificar que possui aptidão para o ecoturismo e que há possibilidades de executá-lo na reserva, inicia-se uma nova etapa de cursos, treinamentos e sensibilização para a implementação da atividade”, completa Gabriela Noronha. Para executar o programa, o Ibama conta com a parceria do Programa Comunidade Ativa, ligado ao gabinete da Presidência da República, e do Sebrae.
No Brasil, existem 24 Reservas Extrativistas, criadas através de decreto presidencial, sendo sete delas Reservas Marinhas. Juntas, as reservas somam quase 5 milhões de hectares de áreas protegidas – 4,122 milhões só na Amazônia – onde a exploração segue os parâmetros sustentáveis, as famílias têm garantia à terra, as comunidades são organizadas e capacitadas, a cultura é preservada e o meio ambiente conservado para as gerações futuras. Mais de 50 mil pessoas se beneficiam diretamente com a existência das reservas extrativistas no país. Tratadas como Unidades de Conservação de Uso Sustentável, as Resex nascem da vontade e da solicitação das comunidades tradicionais. São elas que assumem, desde o início, a responsabilidade pela gestão da área e pelo destino da reserva. Para isso, contam com o apoio dos técnicos do CNPT que favorecem o acesso às informações e aos recursos técnicos, tecnológicos, científicos e financeiros.