A organização não-governamental Greenpeace demarcou com tinta amarela cerca de cinco quilômetros do trajeto da Avenida Bonoco, em Salvador, percorrido por caminhões carregados de concentrado de urânio. O protesto ocorreu na madrugada de hoje (23).
O objetivo da manifestação era chamar a atenção para o assunto, desconhecido por muitos moradores da cidade, além de “provocar a discussão e mostrar como se dá o ciclo [do urânio] no Brasil”, afirmou Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de energia do Greenpeace.
Além da demarcação do trajeto com tinta, os manifestantes desenharam símbolos da radiação e fixaram placas em postes da avenida, para alertar sobre o transporte de material radioativo pelo local.
“Não existem doses seguras para a radiação. Há risco de acidentes ou vazamentos que poderiam liberar o material e contaminar o meio ambiente”, afirmou Rebeca.
A manifestação de hoje (23) faz parte das atividades programadas como seqüência da denúncia feita no relatório Ciclo de Perigo – Impactos da produção de combustível nuclear no Brasil divulgado pelo Greenpeace na semana passada. O trabalho apontou a contaminação da água por urânio na cidade de Caetité (BA).
O documento foi encaminhado ao Ministério Público Federal que marcou para o dia 6 de novembro uma audiência pública em Caetité para ouvir a população local e representantes da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Também já há um procedimento administrativo no MPF/BA que apura o vazamento do material radioativo.
Em resposta ao relatório da ONG, a estatal divulgou nota afirmando que a organização “realiza aproximadamente 16 mil análises ambientais por ano e ao longo de 8 anos de operação montou um banco de dados que lhe permite assegurar que opera dentro dos limites estabelecidos pelos órgãos de licenciamento”.
Segundo a INB, o transporte feito de Caetité até o porto de Salvador, alvo do protesto realizado hoje, é uma operação de rotina, acompanhada por órgãos fiscalizadores.