Agência Brasil – O líder indígena Almir Suruí, 29 anos, pediu hoje cuidado da polícia, governo, sociedade e imprensa no julgamento prévio dos índios da etnia Cinta-Larga. A tribo de Rondônia é acusada de mutilar e matar cerca de 30 garimpeiros em um confronto na semana santa. Três corpos já foram encontrados pela Polícia Federal e outros 26 serão resgatados na reserva indígena Roosevelt a partir de amanhã.
“Não sei o que de fato aconteceu lá, mas não acredito que o povo Cinta-Larga tenha sido tão violento como dizem”, defende o diretor da Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Norte do Mato Grosso e Sul do Amazonas (Cunpir).
Amanhã, Suruí terá uma reunião com os advogados da Cunpir para definir como será o apoio jurídico e político à tribo de 1,5 mil índios. Os Cinta-Larga vivem em uma reserva de 2,7 milhão de hectares, conhecida pela alta concentração de jazidas de diamante.
“Tenho falado com os membros da tribo e eles dizem que tinham um compromisso com a Funai e com o Ministério da Justiça de proteger a reserva. Existe uma pressão muito grande em cima dos índios”, reclama Suruí. “A Cunpir lamenta muito pelas famílias dos garimpeiros. Assim como eles, somos grupos menores pressionados por grupos maiores, inclusive empresas, interessadas no que existe nas reservas.”
Na semana passada, a Cunpir divulgou uma nota à imprensa na qual reivindica a instalação de um posto permanente da Polícia Federal na reserva Roosevelt para garantir a segurança da tribo Cinta-Larga. Na nota, a coordenação já acusava o governo e a sociedade de pré-julgar os índios. Uma prova disso seria o espancamento do professor indígena Marcelo Kakin Cinta-Larga por garimpeiros e moradores do município de Espigão DOeste, no sábado de aleluia.
Nos últimos cinco dias, duas casas de índios Cinta-Larga em Espigão foram atacadas por moradores da cidade. Uma delas, acabou sendo queimada. Na outra, a Polícia Militar chegou a tempo de impedir a depedração. A pedido dos garimpeiros, os policiais revistaram o local e encontraram 25 cartuchos de arma de calibre 12 e um cofre vazio. Tanto os cartuchos como o cofre pertencem ao índio Edmilson Cinta-Larga que, assim como outros 50 índios de Espigão D´Oeste, deixaram a cidade onde moravam neste sábado com medo de ameaças de morte.