O Centro de Biotecnologia da Amazônia, que será inaugurado amanhã em Manaus, terá como atividade principal o estudo e aproveitamento da biodiversidade da Região Amazônica. O centro irá comandar uma rede nacional de laboratórios e de grupos de pesquisadores que atuam em diversos campos da biotecnologia. Iniciativa conjunta da comunidade científica, do setor privado e dos governos federal e estaduais da região amazônica, o Centro recebeu investimentos de R$ 10 milhões provenientes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Superitendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e mais R$ 4 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia. A realização do projeto faz parte do Programa de Energia Molecular do Uso Sustentável da Biodiversidade (Probem) do Avança Brasil.
O CBA atuará no seu setor produtivo na fabricação de extratos para as indústrias de bebidas, comésticos e farmacêuticos. Várias empresas de grande porte já firmaram convênios para pesquisas e produção de componentes de suas linhas de produção. A Pepsi do Brasil investirá R$ 4,4 milhões nos próximos cinco anos para o desenvolvimento de extratos concentrados para bebidas não-alcóolicas. Outros convênios foram firmados entre o centro e o setor de bebidas, como os fabricantes de Coca-Cola, Schincariol e ainda a Ambev. No setor de cosméticos, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) assinou em setembro último, convênio para pesquisas na sua área de interesse e a empresa Natura já manifestou particular interesse sobre a produção de óleos e corantes.
O ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, em entrevista à imprensa para divulgar o início das atividades do centro, disse que a iniciativa irá proporcionar o desenvolvimento "racional e eficiente" da biodiversidade da região e enfatizou que "a grande mudança com o funcionamento do centro, o que há muitos anos se sonha, é o melhor aproveitamento desta riqueza".
Sérgio Amaral afirmou que o CBA representará fonte de emprego para a comunidade indígena da região. De acordo com ele, tais comunidades irão trabalhar na prospecção e sobretudo na coleta de frutos, seiva, raízes e cascas de árvore. "Vamos gerar emprego em toda a região amazônica, mesmo em município mais distantes", comemorou o ministro. Ele ressaltou também que o centro facilitará o desenvolvimento da produção de bens de valor agregado mais alto com o conhecimento e treinamento de recursos técnicos e científicos da região.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, informou que entregará ao futuro governo Lula um relatório com as possibilidades de aproveitamento da iniciativa com várias alternativas de gestão. O centro, disse Sardenberg, foi programado para o desenvolvimento de tecnologia e inovação da produção de componentes vegetais, animais e de microorganismos, levando-se em conta a biodiversidade da Amazônia. "Ele não será apenas um executor, mas também um promotor regional de ações em parceria com outras instituições de pesquisa e ensino. Nele, haverá um mundo de possibilidades", salientou o ministro.
O centro com 12 mil metros quadrados será inaugurado todo equipado. Durante a Feira Internacional da Amazônia, realizada em setembro deste ano, em Manaus, Sérgio Amaral liberou R$ 3,5 milhões para esse fim. A Suframa está aplicando R$ 5,9 milhões na formação de capital intelectual local, com o apoio de várias instituições de pesquisa e ensino federais. Sérgio Amaral disse que R$ 17 milhões do orçamento do próximo ano já foram destinados para o centro a fim de garantir a estruturação da primeira etapa.