Agência Brasil – ABr – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou hoje ao receber o cargo do seu antecessor, José Carlos Carvalho, que o grande desafio de sua gestão será a parceria entre os organismos ligados ao meio ambiente. Segundo ela, é preciso primeiro implementar uma política transversal na “própria Casa”. “Se errarmos, teremos de ter humildade para, novamente nos colocarmos no caminho certo, e fazermos uma política de país. É preciso dar a outra face, a da diminuição do poder, de dividir as realizações”, enfatizou Marina Silva.
Professora nascida em um seringal, a ministra disse que deseja que o novo governo sempre ofereça a outra face para começar a governar de forma correta e que ele também seja um governo de militantes, onde todos ofereçam um delta a mais. Marina Silva tem 44 anos e quatro filhos.
Ao discursar, a ministra ressaltou que as suas metas são, em primeiro lugar, criar uma política setorial de meio ambiente em todo o governo federal; criar as bases de instrumentos econômicos para o desenvolvimento sustentável e ampliar cada vez mais a parceria com a sociedade, buscando o controle e a responsabilidade social. Tudo isso, segundo ela, no âmbito de uma política social que possa corresponder às necessidades de combate à fome, criando alternativas, inclusive, que possam ser sustentáveis, tanto para os grandes investimentos, como para as pequenas comunidades.
“É um momento de muita emoção. Devido às minhas dificuldades visuais, não vou ler o texto preparado e, sim, falar de coração. A oralidade é às vezes um pouco afoita, já no texto você pensa. Portanto, quero agradecer a Deus e ao povo brasileiro por estar vivendo este momento. Não sou resultado de uma eleição, sou resultado de uma história de vida, de dificuldades enfrentadas nos seringais do Acre, que começou em 1958”, destacou a ministra, observando que três pontos são fundamentais na sua vida: a fé cristã; o seu pai seringueiro e Chico Mendes.
Nascida em 8 de fevereiro de 1958, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco, capital do Acre, com o nome de Maria Osmarina Silva Souza, a Marina do PT foi uma menina analfabeta até os 16 anos. Ela aprendeu a ler no Mobral e em quatro anos estava na faculdade. Ficou órfã de mãe aos 16 anos, trabalhou como doméstica e chegou a sonhar em ser freira.
Formada em História pela Universidade Federal do Acre em 1985, no mesmo ano filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e participou das Comunidades Eclesiais de Base, de movimentos de bairro e do movimento dos seringueiros. Foi secretária nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores (gestão 1995/97); e membro do Conselho Editorial da Revista Esquerda 21; membro titular da Comissão de Assuntos Sociais e da Comissão de Educação do Senado Federal; membro suplente da Comissão de Relações Exteriores e da Comissão de Infra-estrutura do Senado Federal.
Em 1984 fundou a CUT no Acre. Chico Mendes foi o primeiro coordenador da entidade e Marina, a vice-coordenadora. Em 1988, foi a vereadora mais votada em Rio Branco e, em 1990, eleita deputada estadual. Em 1994, foi eleita a mais jovem senadora brasileira, sendo reeleita em 2002 como a mais votada do seu estado.
Marina Silva é casada com Fábio Vaz de Lima, tem três filhas, Shalom, de 21 anos; Moara, de 12, e Mayara, de 10; e um filho, Danilo, de 20 anos. Como senadora, a ministra apresentou 43 projetos no Senado Federal. Entre eles, o projeto da Lei de Acesso à Biodiversidade; o projeto que cria reserva de 2% do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal para os estados que tenham, em seus territórios, Unidades de Conservação federais e terras indígenas demarcadas; Projeto do Orçamento Social; e Projeto da Responsabilidade Social.
Entre as personalidades presentes ao evento estavam o ministro da Educação, Cristovam Buarque; o fotógrafo Sebastião Salgado; o escritor e teólogo, Leonardo Boff; deputados; amigos, companheiros e a família da ministra; embaixadores, funcionários do ministério e de outros órgãos governamentais.
O ministro José Carlos Carvalho, ao transmitir o cargo, enfatizou que “hoje a política ambiental é de vanguarda, moderna, na qual os recursos naturais são as molas mestras das diretrizes ambientais no país. E que a obra que realizamos na administração ambiental é coletiva e solidária”.
A ministra Marina Silva foi muito aplaudida por todos os participantes na chegada e no término da solenidade.