Agência Brasil – ABr – O Brasil está longe de atingir a meta internacional, estabelecida em 1998, de ter 10% de seu território protegido por unidades de conservação. Mapeamento concluído pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nos sete biomas nacionais, aponta que 2,74% do país é protegido de forma integral, considerando as unidades de conservação federais e estaduais. Ao todo, são 118. A média mundial de áreas protegidas em relação ao tamanho do território dos países é de 6%.
O mapeamento, liderado pelo biólogo Moacir Bueno Arruda, coordenador de Ecossistemas do Ibama, traz a avaliação de 78 ecorregiões. Essas são as unidades básicas para a definição das prioridades de conservação da biodiversidade e, por definição, são unidades com características físicas e biológicas semelhantes. O trabalho inclui 23 ecooregiões no bioma Amazônia, nove na Mata Atlântica, nove no bioma Costeiro, oito na Caatinga, duas no Pantanal e uma no bioma Campos Sulinos.
Com o título “Estudo de Representatividade Ecológica nos Biomas Brasileiros”, o mapeamento levou três anos para conclusão e coloca o Brasil na vanguarda da proteção de ecossistemas, ao lado de países de grandes dimensões continentais como Estados Unidos, Canadá e Austrália. Além disso, o trabalho norteará as políticas a serem adotadas no sentido de ampliar o número de áreas protegidas. Pelo mapeamento, descobriu-se, por exemplo, que as unidades de conservação estão distribuídas de maneira desigual e desiquilibrada.
O Cerrado, bioma que cobre um quarto do território brasileiro, tem 1,71% de sua área protegida por 20 unidades de conservação. No outro extremo, verificou-se distorção de tamanho de áreas protegidas na ecorregião da Serra da Canastra, que fica na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. São 15,39% da área total protegida por unidades de conservação, enquanto há ecorregiões sem uma unidade de proteção sequer. As unidades de conservação de proteção integral estão distribuídas pelos biomas assim: 36 na Mata Atlântica, com proteção de 0,72% de sua área; 16 no bioma Costeiro, o que protege 6,31% da área; 30 na Amazônia, com proteção de 4,83% de área; 20 no Cerrado, que representam 1,71% de área protegida; 12 na Caatinga, distribuídas em 0,69% da área do bioma; duas no Pantanal, que cobrem 0,57% da maior área úmida do mundo.
A divisão do estudo em ecorregiões facilitou o trabalho, segundo Arruda, porque redefiniu os limites do biomas e também das zonas de transição entre eles, os chamados ecótonos. O ecótono Cerrado-Amazônia abrange 4,85% do território é maior que os biomas Campos Sulinos e Costeiro. É um dos ecótonos mais devastados também, tendo cerca de 60% de sua área desmatada.
Lana Cristina