Agência Brasil – ABr – O ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, José Fritsch, pediu hoje ao diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, a cooperação técnica da entidade, com vistas à produção de pescado em cativeiro, principalmente, nas pequenas propriedades de agricultura familiar do semi-árido nordestino. Diouf esteve no gabinete de Fritsch, nesta capital, para discutir a parceria entre a FAO e a secretaria.
Fritsch explicou que esse é um desejo do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem o combate à fome no país como uma das prioridades. “É por meio da produção de peixes nas pequenas propriedades dos agricultores familiares, das comunidades indígenas, dos assentamentos da reforma agrária, das comunidades de quilombos, e também nas regiões mais pobres como semi-árido do Nordeste que nós poderemos responder mais rapidamente, com a produção para o consumo dessas famílias”, destacou.
O ministro informou que, nos próximos quatro anos, a secretaria espera gerar, com a pesca e a produção de pescado, 150 mil empregos diretos e 350 mil indiretos, num total de 500 mil novos postos de trabalho em todo o país.
A FAO recomenda que cada pessoa consuma, em média, 12 quilos de pescado por ano. No Brasil, essa quantidade não chega a sete quilos. “O pescado dá proteínas com alto valor nutritivo e sem efeitos negativos como as encontradas em outros alimentos”, lembrou o diretor-geral da FAO, ao destacar a importância que o governo brasileiro tem dado ao setor, levando em consideração a sustentabilidade social, econômica e ambiental. “A FAO, naturalmente, apóia essa política”, afirmou Diouf. Ele lembrou que outra vantagem desse tipo de alimento é o preço. “É uma proteína barata para os pobres, e o Programa Fome Zero deve observar as condições que permitem a compra de alimentos de baixo custo”, disse.
Durante o encontro, Fritsch confirmou a participação na reunião do Comitê de Pesca, que a FAO promoverá entre os dias 24 e 28 deste mês, em Roma. Para o ministro, essa será mais uma oportunidade de estreitar as relações de cooperação entre a entidade e o governo brasileiro,. “Já que a FAO trata da questão do alimento, e a criação da Secretaria Especial tem a ver com a produção de um alimento considerado nobre do ponto de vista da saúde, entendemos que esse estreitamento será importante nessa missão que o presidente Lula nos apresenta, que é a oferta maior de proteína de peixe para o programa Fome Zero”, afirmou.
Segundo o ministro, a produção de pescado em cativeiro é uma das potencialidades no setor. Em 1994, esse tipo de atividade era responsável por 4,3% do total da produção do país. No ano passado, 26,4% desses produtos foram oriundos da aqüicultura. Nos últimos cinco anos, a produção de pescado em tanque tem crescido 25,2% a cada ano, em média, contribuindo para que o Brasil passasse de 35º para 27º no ranking mundial.
De acordo com Fritsch, os incentivos a esse tipo de atividade serão acompanhados de políticas de inclusão social. Um dos desafios é alfabetizar os pescadores artesanais, já que, de acordo com o ministro, cerca de 70% deles não sabem ler nem escrever. “Eles não têm como melhorar a sua condição de inserção no mercado de trabalho, de buscar alternativas de qualificação e de capacitação profissional” observou.
Juliana Andrade