Agência Brasil – ABr – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobrevoou hoje áreas no Estado de Roraima onde ocorrem incêndios provocados principalmente por queimadas de agricultores. De acordo com os últimos dados do Ibama, o número de focos de calor chega a quase 700, principalmente entre Caracaraí e a Estação Ecológica de Maracá. Alguns focos também foram registrados nas terras indígenas Yanomami e São Marcos e já estão sendo combatidos.
Marina Silva esteve acompanhada do governador Flamarion Portela, do general Studardt Filho, comandante das Operações de Combate ao Fogo, do presidente do Ibama, Marcus Barros, da secretária de Coordenação da Amazônia, Mary Allegretti, e do líder yanomami, Davi Copenawa.
Com a visita a locais atingidos pelo fogo e também à base de combate a incêndios, foi possível verificar a dimensão do que ocorre em Roraima. A avaliação geral é que houve enfraquecimento das chamas, pois os focos estão dispersos e atingindo apenas a vegetação rasteira.
No entanto, a situação em Paracaima ainda é preocupante. Durante a visita da ministra, a área ficou cercada pela fumaça e era possível observar focos em locais elevados, de montanha. Um contingente de mais de 90 brigadistas treinados pelo Ibama está chegando para auxiliar no controle do fogo na região. Os reforços para Roraima incluem ainda mais dois helicópteros da Força Aérea, um helicóptero de Black Hqwk, do Exército, e um avião do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), que poderá identificar com maior precisão os focos.
Esses equipamentos irão se somar a cinco helicópteros já presentes no Estado e a um efetivo de aproximadamente mil homens, entre brigadistas, bombeiros e militares, todos envolvidos no combate direto ao fogo e logística. Segundo Marina Silva, os esforços do governo federal em Roraima têm duas frentes. A primeira é combater da melhor forma possível o incêndio, com toda a técnica e infra-estrutura disponível.
Em seguida, o governo federal deverá iniciar um projeto, de médio ou longo prazo, para que ocorra uma profunda alteração no modelo de desenvolvimento que até então era aplicado na região. “Estamos trabalhando de forma emergencial, mas precisamos fazer com que Roraima
encontre outro patamar para seu crescimento econômico e para os assentamentos. Não é possível que a cada ano tenhamos que gastar mais do que produzimos para apagar incêndios”, disse.
Um modelo para esse projeto seria o ProAmbiente, que vem sendo implementado desde 2001 em alguns pontos da Amazônia. A operação conjunta que vem sendo desenvolvida em Roraima, por determinação da Presidência da República, também deverá trabalhar no sentido de compensar aqueles produtores que não usarem o fogo em suas terras. Essa medida teria semelhança com um seguro-safra, com a função de compensar o produtor pela perda total de sua produção.
Os moldes do novo projeto de desenvolvimento para Roraima e também do seguro-safra ainda estão sendo debatidos entre o governo federal, os ministérios envolvidos, o governo estadual e lideranças de produtores e de indígenas. Os custos da operação de combate ao fogo no Estado ainda estão sendo calculados.
A ministra Marina Silva reúne-se ainda hoje com o governador de Roraima, com o Comando Geral de Operações, com lideranças indígenas e com o Comitê de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais de Roraima para definir os próximos passos para o combate aos incêndios no estado.
Os primeiros focos de incêndio em Roraima começaram a ser detectados há mais de 30 dias, e se intensificaram pela ação do El Niño. As temperaturas estão extremamente elevadas e a umidade relativa do ar é muito baixa. A maioria dos focos é registrada em áreas de assentamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e do Estado, mas em algumas fazendas com grande extensão também é possível avistar pontos de fumaça.
Em Boa Vista, a pelo menos 200 quilômetros dos focos de incêndio, é possível sentir o cheiro da fumaça. Alguns casos de problemas respiratórios têm sido registrados entre crianças e idosos.O uso do fogo compromete a biodiversidade amazônica, prejudica a fertilidade do solo, a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos e acarretam problemas de saúde, além de se tratar de uma técnica insustentável do ponto de vista ambiental, social, econômico e cultural.