Agência Brasil – ABr – O Ibama quer que as florestas nacionais deixem de ser uma massa de árvores intocáveis, tenham vida, produzam em bases sustentáveis e sirvam à sociedade, interagindo com a população do entorno. Com esta nova visão, o instituto vem trabalhando para quadruplicar a cobertura com florestas rentáveis, num prazo de dez anos, e resgatar suas importantes funções estratégicas: que sirvam como base de um programa de extensão rural, funcionem como laboratórios de fusão das técnicas bem sucedidas de uso sustentável e estejam no centro das pesquisas nacionais.
Para atingir estas metas, o Programa Nacional de Florestas do Ministério do Meio Ambiente está incentivando a produtividade destas unidades de conservação. Com este objetivo, a Diretoria de Florestas do Ibama vem realizando encontros com os chefes das 63 Flonas. A partir de hoje (27), até o próximo dia 30, o encontro será na Flona do Araripe, no Ceará, com as seis florestas da região Nordeste e as duas do centro-oeste. A primeira reunião foi em abril com as nove Flonas do sudeste. Em meados de junho, será a vez das Flonas da região Sul e, em julho, com as da região Amazônica.
Um dos principais itens da agenda destas reuniões é a discussão do roteiro metodológico para a implantação dos respectivos planos de manejo florestal – obrigatórios para definir as atividades e o uso sustentável dos recursos naturais das florestas nacionais.
A metodologia é inovadora no Ibama como modelo de gestão participativa, indispensável para atender a realidade. Ao utilizar profissionais do Instituto para conduzir os projetos, o Ibama pretende simplificar o processo sem prejudicar a qualidade técnica, reduzir custos e fortalecer a transversalidade com outras instituições governamentais de ensino e de
pesquisa e com Ongs.
Na Flona do Araripe, o Ibama está implantando o primeiro Plano de Econegócios em Florestas, que inclui alternativas de manejo, melhorias tecnológicas da produção e fortalecimento da gestão comunitária – uma parceria com o Banco do Nordeste, o Instituto Brasileiro de Educação em Negócios Sustentáveis, a Fundação Araripe e o Centro Tecnológico do Cariri.
A proposta é montar uma mini-usina de beneficiamento do pequi – produzido artesanalmente como alimento e cosmético -, transformar os produtores em microempresários e montar uma ilha de informática para capacitar a comunidade local com esta finalidade. Futuramente, será
apoiado o beneficiamento da Fava DAnta, usada como colírio para tratamento do glaucoma. Outro grande negócio para aumentar a rentabilidade das Flonas e beneficar a comunidade do entorno, é a produção sistematizada de sementes e de mudas de espécies nativas para
programas de fomento – uma parceria do Ibama com as redes de sementes existentes em cada bioma.
Fazem parte destes encontros: elaboração do Plano de Investimento coerente com o potencial de arrecadação de cada Flona e do Planejamento Plurianual até 2007; implantação dos Conselhos Consultivos que farão o controle social das Flonas; além de trabalhos de campo para mostrar experiências da Flona Araripe com ecoturismo, trilhas e planos de manejo de produtores rurais que podem incentivar iniciativas rentáveis nas outras Florestas Nacionais.
Situada no topo do privilegiado Vale do Cariri, a Floresta Nacional do Araripe foi a primeira criada no país, em 1946, para assegurar a manutenção dos recursos hídricos desta região semi-árida do Nordeste.