Agrotóxicos sem controle

Estação Vida – O uso indiscriminado de agrotóxico nas propriedades rurais é um tema que vem sendo debatido pelos ambientalistas e o extensionista da Empaer [Empresa de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural], Hortêncio Paro, que fala da necessidade de se utilizar o receituário agronômico como um instrumento de apoio para redução dos problemas ambientais no meio rural. Ele lembra que muitos produtores adquirem agrotóxicos sem receita do engenheiro agrônomo e utilizam aquele produto que o mercado está oferecendo, nem sempre o recomendado para a aplicação.

Paro alerta o produtor que o diagnóstico nasce na própria lavoura e, conseqüentemente, a receita também e não na loja que comercializa os produtos. “O produtor precisa valorizar o receituário agronômico, discutindo com o técnico todas as dúvidas antes de usar um produto para controlar pragas”, adverte.

O produtor tem alternativa utilizando produtos biológicos ou fisiológicos que possuem baixa toxidade ao homem e não causam problemas ao meio ambiente. O ideal seria usar produtos que são aceitos para a produção de produtos orgânicos.
Segundo Hortêncio Paro, o produtor deve evitar a utilização de mistura de produtos com diferentes reagentes químicos, pois os efeitos teratogênicos, carcinogênicos e mutagênicos ninguém pesquisou e não sabe ao certo que tipo de problemas pode causar ao homem e ao meio ambiente. A mistura poderá potencializar o veneno perigosamente, assim como reduzir sua ação e não controlar a praga.

Para saúde do trabalhador, é recomendado não aplicar veneno nas horas de sol quente ou ventos fortes. E mais importante ainda é ler a bula ou rótulo do produto antes da aplicação. Lendo as instruções, o produtor saberá sobre a operação da tríplice lavagem, que é obrigatória, para facilitar a devolução das embalagens vazias as centrais de recebimento. As embalagens não laváveis devem ser embaladas e armazenadas em local seguro, conforme orientação do fabricante ou revendedor.

O extensionista da Empaer fala sobre o uso do Equipamento de Proteção Individual [EPI], que é obrigatório e não pode estar sujo no momento da aplicação. A lavagem do EPI deve ser feita pelo próprio aplicador, fora do alcance de crianças e animais domésticos.

Em cumprimento ao artigo número 21 da Lei Estadual número 5.850, quanto ao aplicador de agrotóxico credenciado, o pesquisador questiona se não está na hora de se iniciar um pool de treinamentos de produtores e operadores, para a emissão do credenciamento pela Câmara Setorial de Agrotóxicos, envolvendo outros órgãos como: Fundação Estadual do Meio Ambiente [Fema], Conselho Estadual do Meio Ambiente [Consema], Instituto Brasileiro de Recursos Renováveis [Ibama], Delegacia Federal da Agricultura, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e outros.

Para garantir alimento saudável na mesa do consumidor e cuidados com o meio ambiente, está na hora de o produtor utilizar corretamente o agrotóxico, recebendo instruções do engenheiro agrônomo para a compra certa do produto a ser aplicado na lavoura. “A Empaer vem fazendo a sua parte, proporcionando ao produtor rural palestras e cursos sobre a utilização e aplicação correta de agrotóxicos, porém, a estrutura da empresa não atende à demanda, necessitando da participação de outros órgãos, conscientizando o homem do campo dos perigos e dos benefícios”, informa Paro.

Procedimento para uso preventivo:

– Procurar reconhecer as pragas e seus inimigos naturais;

– Usar a lupa para facilitar a identificação das pragas e inimigos naturais;

– Verificar a presença de culturas em exploração nas proximidades potenciais produtoras de pragas, Ex: Spodoptera do milho migra para o algodão;

– Estar informado sobre o nível de dano econômico de cada praga para decidir aplicar ou não o agrotóxico;
– Se possível, construir barreira biológica que dificultem o trânsito de inseto, tais como: guandu, crotalária, inclusive a mamona pelo seu forte odor pode dificultar certos insetos de encontrar a lavoura, e até se acasalarem;

– Em áreas com barreiras de crotalária, no período chuvoso, certos besouros ao comerem suas folhas são atacados por fungos beauveria e morrem, antes de chegarem à lavoura;

– Plantar na melhor época, combinando com todos os vizinhos a data de plantio, a fim de que a lavoura não crie praga para a outra, principalmente na cultura do algodão;

– Fazer rotação de cultura combinando folha larga com folha estreita e raízes rasas com raízes profundas, para explorar melhor o solo e evitar a multiplicação de pragas;

– Preparar o solo e plantar cortando no sentido das águas ou em curva de nível;

– A adubação orgânica, verde ou química bem equilibrada, produz plantas sadias e menos atacadas por pragas;

– As cores no rótulo dos produtos indicam risco ao homem e ao meio ambiente.
Na compra de produtos para serem usados na lavoura, o produtor deve ficar atento nas cores das embalagens, verificando a classificação dos agrotóxicos e, caso utilize a cor vermelha, perguntar para o engenheiro agrônomo o motivo da utilização e os cuidados necessários para aplicação.

Verifique a classificação toxicológica dos agrotóxicos por: Cor, Toxicidade e Classe: Vermelho, Extremamente tóxico, I; Classe II, Amarelo, Altamente tóxico; Classe III, Azul, Medianamente tóxico; Classe IV, Verde, Pouco tóxico. 
 

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