Agência Brasil – ABr – O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Artur Nobre Mendes, abriu a comemoração dos 35 anos da entidade, hoje de manhã, fazendo um balanço das vitórias obtidas pelo órgão, como a regularização fundiária, demarcação de terras indígenas, proteção dos povos indígenas ameaçados de extinção e aprovação do estatuto do índio, em 1973.
O presidente da Funai destacou, entretanto, que a principal dificuldade enfrentada pelo órgão está relacionada com a “remodelagem” de modo a atender os novos desafios colocados a partir da Constituição de 1988. “A participação e a inserção dos povos indígenas na vida econômica e política nacional, além do aproveitamento dos recursos naturais, como solo e mineração, continuam sendo grandes desafios para a Funai”, ressaltou.
Para comemorar a data também foi inaugurada a exposição fotográfica “Frentes de Atração – O Começo de um Bom Programa” , com 25 fotos de Setsuo Mikami, no centro de exposição e venda Artíndia, na sede da Funai. A exposição fica aberta até o próximo dia 6, das 9h às 17h, sendo que também pode ser vista a exposição permanente da loja, com artesanato de cerca de 60 etnias. A mostra é uma homenagem às pessoas que trabalham na implantação do Programa Artíndia e às equipes de atração.
Atualmente, no Brasil, vivem cerca de 358 mil índios, distribuídos entre 215 sociedades, que representam 0,2% a 0,4% da população brasileira. Artur Nobre acrescentou que esse dado populacional considera somente os índios que vivem em aldeias. Há a estimativa de que, além desses, mais de 200 mil vivam fora das terras indígenas, inclusive, em áreas urbanas. Também existem indícios da existência de mais ou menos 53 grupos ainda não contatados e de grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista.
Lucia Ramos, coordenadora de Promoção Cultural da Artíndia, explicou que a exposição procura reviver pela fotografia o lado positivo e alegre do início do relacionamento do povo Parakanã com a equipe do Departamento de Índios Isolados da Funai. “O lado triste, perdas, dores e gritos, do povo foram abafados pela distância e isolamento da selva. As fotografias são de 1983 e 1984. Elas foram tiradas pelo fotógrafo japonês e fazem parte do acervo do indigenista Sidney Possuelo”, frisou, lembrando que só no Pará existem 34 grupos indígenas, com uma população total de 20.185 mil índios.
Ramos contou que a Frente de Atração é uma equipe formada pela Funai, antigo Serviço de Proteção ao Índio, que tinha a finalidade de manter contato com os grupos isolados, especialmente, quando surgia uma necessidade de expansão territorial. “Era constituída uma comissão, uma frente de atração, composta de um coordenador, um chefe de frente, pessoal da saúde, e índios intérpretes. No momento do contato era colocado um brinde industrializado, do tipo facão, apreciados pelos índios. Durante o período de aproximação o índio deixava alguma coisa da sua cultura, como arcos e flechas. Ou seja, a Frente de Atração é um trabalho de aproximação com o índio”, salientou.
A programação da Semana da Funai inclui a apresentação do Vídeo Hetohoky – A Festa do Menino Karajá, amanhã (3), no auditório Gilberto Pinto de Figueiredo, na sede da Funai, 1º andar; pronunciamento de fim de ano do presidente da Funai, na quarta-feira (4), às 16 horas, no mesmo auditório e reapresentação do vídeo Hetohoky, às 10 horas, 14h30, 17h15 e 23h15, pela NBR, TV a cabo da Radiobrás. Dia 5, dia do aniversário, haverá a inauguração do Centro de Cultura e Convívio dos Povos Indígenas, pelo ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, e o presidente da Funai, na área especial 09, quadra 03, em Sobradinho, no Distrito Federal. Às 15h, será lançado o livro “Legislação Indigenista Brasileira e Normas Correlatas”, no Ministério da Justiça, Salão Negro.
Daniela Cunha