6,5 bilhões de dólares para o São Francisco

Agência Brasil – O governo pretende nos próximos anos realizar uma obra que há muito é tema de debate no país: a transposição das águas do Rio São Francisco para o semi-árido setentrional, o chamado “coração da seca”. À frente da empreitada, há três meses, está o vice-presidente José Alencar, que comanda um grupo de trabalho composto por representantes de cinco ministérios: Integração Nacional, Fazenda, Planejamento, Meio Ambiente e Casa Civil, além de diretores da bacia do São Francisco.

Ao apresentar o projeto, que está sendo elaborado, para os senadores, Alencar disse que a mudança do curso do rio não é a única questão sob avaliação do governo. O tratamento dos afluentes, a recuperação das matas ciliares também estão sendo estudadas. Ele disse ainda que será definida uma estratégia de destinação e distribuição das águas.

Segundo José Alencar, o projeto global do governo visa que as águas cheguem nos diversos açudes do Nordeste. A partir daí seriam construídas adutoras para levá-las até seu ponto de destinação final.

Desde 1997, o programa São Francisco vem sendo elaborado pelo Instituto Nacional do Programa Espacial (Inpe) e ganhou fôlego novo nessa nova gestão. De acordo com Alencar, a realização do programa é um desejo do presidente Lula. Estima-se que para a revitalização e transposição das águas do Velho Chico será preciso os US$ 6,5 bilhões para a execução da obra. Divididos pelos cinco anos previstos para sua execução, corresponderia em um investimento anual de aproximadamente US$ 1,3 bilhão. De acordo com Alencar, o equivalente a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), conseguir recursos para a obra será o grande desafio do governo. “José Alencar agradeceu as sugestões e as críticas ao projeto, enfatizando a intenção da equipe que vai executá-lo de dar prioridade à revitalização do rio. “Tem que ser feito em etapas e ir além-governo para a mobilização dos recursos necessários”, disse o senador.

Mas o governo poderá contar com outras fontes de recurso. Entre elas, o projeto, apresentado em 2001, pelo próprio vice-presidente quando ainda era senador, para a criação de um fundo de revitalização para o desenvolvimento sustentável do Rio São Francisco. O projeto já está na Câmara dos Deputados. Outras opções, são os financiamentos estrangeiros.

O vice-presidente da República disse que diretores do Banco Mundial, já mostraram-se dispostos em financiar parte específica do Programa de Transposição e Revitalização do São Francisco – o chamado Eixo Leste, que tem como objetivo o consumo humano. O trecho está custeado em cerca de R$ 400 milhões.

Apesar de estar ciente das dificuldades orçamentárias que terá que enfrentar para tirar o projeto do papel, Alencar está otimista. “Não é um bicho de sete cabeças. Não estamos trazendo nenhum sonho, ele é possível”, enfatizou.

E as primeiras controvérsias já começaram a aparecer no próprio Senado, como quando a senadora Heloísa Helena propôs a adoção de alternativas e mais baratas dentro do projeto para reduzir os custos ou quando a proposta da transposição das águas do Rio Tocantins para a bacia do Velho Chico foi recebida com arredio por alguns. Alencar destacou que já recebeu sinais positivos do estado Tocantins quanto à idéia.

Assim como vem acontecendo com outros projetos governamentais, a população também está sendo chamada para opinar. Baianos e mineiros já deram sua opinião. Outras reuniões vão ser realizadas nos estados envolvidos no projeto.

Alencar informou que como o programa ainda não está detalhado, não é possível estabelecer um cronograma e prazos, mas alertou que é preciso encara-lo como prioridade. “ Podemos ser condenados amanhã se essas obras não forem realizadas”, ressaltou. O vice-presidente disse também que está analisando, junto com o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, como poderá ser feito o aproveitamento das obras já existentes nos estados do Nordeste, com o intuito de inclui-las no projeto global do governo.

Carolina Pimentel

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