Rota Brasil Oeste – O novo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), o antropólogo Mércio Pereira Gomes, assumiu hoje o cargo prometendo manter aberto o diálogo com índios, organizações da sociedade civil e fazendeiros. Segundo ele, o grande desafio é transformar as economias indígenas em auto-sustentáveis. “A grande dificuldade dos povos é de ter um desenvolvimento étnico e econômico que possa produzir um excedente sem necessitar da ajuda de ninguém”, lembrou.
Mércio Gomes chega em meio a uma crise na instituição, com poucos recursos e pressões de alguns grupos indígenas que querem a nomeação de um índio para a presidência da fundação. Gomes, no entanto, afirmou estar disposto a enfrentar o desafio e cuidar da Funai. Na sua visão, a instituição está se recuperando. “Os índios podem confiar em uma pessoa que conhece o processo histórico indigenista”, disse.
O antropólogo anunciou também que o Ministério da Justiça vai organizar um grupo interministerial para debater formas de se contribuir para a causa indígena. Um dos trabalhos será a elaboração de um estatuto do índio.
No congresso Nacional a questão é polêmica e está há mais de uma década sem ser aprovada. Para muitos especialistas, esta seria a melhor maneira de garantir os direitos indígenas na legislação brasileira.
O novo presidente da Funai disse, ainda, que pretende dar melhores condições de trabalho aos funcionários. Um dos primeiros passos seria buscar uma nova sede para o órgão. Recentemente, o antigo prédio onde funciona a instituição sofreu um incêndio de pequenas conseqüências. “Vou trabalhar com os funcionários que estão na Funai e com os índios que estão na Funai”, garantiu.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, declarou que considera fundamental desenvolver um trabalho em que as etnias indígenas sejam respeitadas. “Tenho certeza que é preciso renovar a Funai e colocá-la em um patamar mais alto”, afirmou.
O ministro lembrou ainda que a indicação de Gomes ao cargo é uma clara demonstração do padrão de excelência que pretende ter. Bastos fez questão de destacar que o novo presidente da fundação não é do Partido dos Trabalhadores (PT). A afirmação vem depois de acusações sofridas pelo governo de distribuir cargos por indicação política.
Mércio Gomes, porém, é filiado ao PPS e durante a campanha eleitoral chegou a escrever artigos contra o PT. Hoje ele explicou que a posição foi tomada em um momento de disputa política, mas que considera o governo de Lula iluminado por integrar o campo da esquerda e outras pessoas que podem trabalhar em prol do país.
Professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), Mércio Gomes tem 53 anos e é natural de Currais Novos (RN). Entre seus trabalhos, realizou diversas pesquisas antropológicas entre povos indígenas.
Com informações de Agência Brasil