ISA – O Field Museum, um dos mais renomados museus americanos, em colaboração com o Instituto Socioambiental, inaugurou esta semana mostra do fotógrafo Pedro Martinelli sobre a saga do povo Paraná, os famosos índios gigantes.
A coleção traz retratos em branco e preto tirados no primeiro contato com a tribo em 1970 e 1973. São fotos famosas que espantaram o mundo com a descoberta em plena segunda metade de século XX com a etnia dos índios Panará. A segunda parte de imagens são de 1995, quando Martinelli voltou a registrar a vida do povo. A exposição se encerrará em 8 de fevereiro de 2004.
Protagonistas de uma história trágica de contato com os brancos na década de 1970, os Panará, também chamados de Krenhakarore ou índios Gigantes, escaparam por pouco da extinção. Atraídos durante a construção da BR-163, a rodovia Cuiabá-Santarém, acabaram expulsos de suas terras e abandonados à sua própria sorte. De uma população de mais de 400 indivíduos, em 1973, estavam reduzidos a cerca de 70, em 1975. Muitos foram vitimados por gripes e diarréias, e os que sobreviveram esmolavam na beira da estrada.
Foram, então, acolhidos no Parque Indígena do Xingu, onde viveram em condições precárias, mudando-se de um lugar para o outro. Duas décadas depois, com a ajuda do então Núcleo de Direitos Indígenas (NDI), e do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), voltaram às terras em que viviam e descobriram que uma parte delas não tinha sido detonada por invasores e garimpeiros. Daí em diante, decidiram retornar e começaram a reconstruir uma nova aldeia, que batizaram de Nãsepotiti, situada às margens do Rio Iriri, na fronteira do Mato Grosso com o Pará.
A volta para casa começou, efetivamente, em 1996. De lá para cá, recompuseram sua população – hoje soma cerca de 300 indivíduos – e nesse período decidiram entrar com ação indenizatória contra a União e a Funai por danos morais e prejuízos sofridos. Em setembro de 2000, a terceira turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região lhes deu ganho de causa,em decisão inédita. Em agosto de 2001, finalmente, tiveram a indenização garantida pelo presidente do TRF, juiz Tourinho Neto. A União e a Funai se abstiveram de recorrer da decisão.
A indenização devida pelo Estado brasileiro foi entregue à comunidade em agosto passado e em assembléia realizada na aldeia Nãsepotiti, discutiu formas de utilizar os recursos