'Futebol de cabeça' é destaque dos Paresi nos Jogos Indígenas

Agência Brasil – ABr – O Xikunahity, também conhecido como futebol de cabeça, é a modalidade mais praticada pelos Paresi nos Jogos Indígenas. Jogado com no mínimo oito homens, o Xikunahity se parece com o futebol convencional, mas com uma diferença: é jogado com a cabeça. Os índios devem cabecear a bola para o campo adversário, de modo que ela não caia. Quando o adversário não rebate a bola, a equipe oponente faz um ponto.

Xikunahity, segundo a lenda paresi, é um jogo em comemoração à festa de Wazare, entidade mítica de sua cultura. Depois de Wazare cumprir sua missão de distribuir os paresi em sua chapada, ele fez uma grande festa de confraternização antes de voltar para seu mundo.

Além deste caráter místico, os paresi também praticam o esporte como diversão. Para realizar o jogo, o grupo prepara uma bola com o látex da mangaba. Na fabricação, o látex é colocado ao fogo, sobre uma frigideira, até tomar um aspecto de panqueca. Em seguida, o índio morde a massa e a sopra para formar a bola. O látex é espalhado em tiras sobre uma mesa, onde o material seca: a bola é envolvida por camadas e fica mais espessa e pesada. Segundo o cacique, João Titi Paresi, o látex para a fabricação das bolas nos Jogos Indígenas foi retirada da mangaba há duas semanas. “Nós trouxemos de Mato Grosso, porque a seringa daqui do Tocantins é mais fina, e a bola não fica boa”, informou o cacique. Para confeccionar a bola, acrescentou, é importante que o dia esteja quente e ensolarado, o que ajuda na secagem da liga.

Os Paresi também participam nos Jogos das modalidades tihimore – um esporte praticado apenas por mulheres –, arremesso de lança e canoagem, entre outros.

A etnia Paresi é formada por 45 aldeias. Em Mato Grosso, eles plantam arroz, milho e batata doce para a subsistência, e também comercializam seu artesanato em cerâmica.

Angélica Cordova

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