Cultura indígena nas cidades

Agência Brasil – “Povo verdadeiro, gente de verdade, nós mesmos. É assim que nós nos sentimos: parte integrante deste universo, em conexão com o Espírito Criador. Nós aprendemos com nossos ancestrais tudo o que sabemos e queremos preservar esse conhecimento para as futuras gerações”. Esta é a mensagem que os povos indígenas Xavante, do Mato Grosso, e Karajá, do Tocantins, querem passar aos “brancos” com as apresentações de seus rituais. Eles descobriram que só conseguirão ser respeitados se tornarem conhecida a sua cultura. A aproximação com a cidade, através de novas formas de contato, é fundamental para manter vivos os fundamentos de sua tradição no mundo contemporâneo. Esse é o motivo da criação do projeto “Ritos de Passagem – Canto, dança e ritual indígena”.

A coordenadora do projeto, Ângela Pappiani, esclarece que as apresentações não são espetáculos musicais e sim adaptações para o palco de trechos dos rituais realizados nas aldeias. Com suas pinturas, adornos corporais, danças e cantos, 40 guerreiros mostram um pouco da força, beleza e magia desses rituais. Ângela afirma que o objetivo do projeto é trazer para a cidade um pouco da cultura indígena. “Precisamos mostrar quem somos, a força, a beleza, a riqueza da nossa cultura. Só assim vão entender e admirar o que temos”, diz Wabua Xavante.

Realizado anualmente desde o ano 2000, o “Rito de Passagem” sai, pela primeira vez, do eixo Rio – São Paulo. Cerca de 50 mil pessoas aproveitaram a oportunidade de conhecer e admirar a cultura de oito povos indígenas: Xavante, Karajá, Krikari, Tukano, Guarani, Mehinaku, Bororo, Kaxinawá e o povo indígena do Japão, Ainu. Agora é a vez de Brasília e Goiânia conhecer um pouco mais as manifestações culturais dos índios. Além das apresentações de dança e rituais, o projeto conta com debates, exibição de vídeo e oficinas de pintura corporal, canto e dança, na Universidade de Brasília, e uma a exposição fotográfica de Helio Nobre aberta até o dia 28 de setembro na Câmara dos Deputados.

Hoje (26), as duas tribos reinauguraram a Concha Acústica com uma apresentação especial para o público escolar. Estiveram presentes os alunos da Escola Classe 4 e do Colégio Militar de Brasília. Dezenove membros da tribo Xavante, incluindo quatro mulheres, e seis índios Karajá transmitiram um pouco de sua tradição. Agora à noite, os Xavante se apresentam, no mesmo local, para o público brasiliense. Amanhã, no mesmo horário e local, será a vez dos índios Karajá.

Xavante – A tribo vive no cerrado. As características mais marcantes desse povo são os cortes de cabelo e as pinturas corporais feitas com jenipapo, carvão e urucum.

Karajá – Vivem nas margens do rio Araguaia. Toda a criação da tribo está ligada ao rio. Os dois círculos tatuados nas maçãs do rosto são sua maior marca. As pinturas corporais em negro e vermelho representam as formas dos peixes e cobras. Os rituais relembram os heróis criadores e os ancestrais.

 

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