Rota Brasil Oeste – Cerca de 600 índios e 400 posseiros, armados, estão separados apenas por uma ponte da BR-158, perto da Fazenda Guanabara, Alto da Boa Vista, Mato Grosso. A situação está tensa desde 12 de novembro, quando um grupo de índios chegou em dois caminhões para ocupar novamente a terra invadida pelos posseiros. Para impedir a passagem, os ocupantes da área atearam fogo a uma ponte e, na tentativa de fazer o mesmo com uma segunda, foram impedidos pelos índios. Desde então o impasse permanece na espera de uma decisão da Justiça.
Em audiência pública feita ontem no Ministério da Justiça, na qual participaram 40 lideranças da etnia Xavante, o Ministro Márcio Thomaz Bastos afirmou que o órgão trabalha para garantir o direito dos índios sobre a reserva de Marãiwatsede. “Nessa questão, vocês têm todo o direito. Foi feita a portaria, demarcada, homologada e registrada. Nós precisamos agora confiar na Funai para que ela continue essa missão junto com vocês e faça os entendimentos necessários junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e ao Superior Tribunal de Justiça, para que o Incra consiga retirar os posseiros e que o juiz decida logo a questão. Isso porque aquela terra é de vocês e não pode ser tomada e não vai ser tomada de vocês”
O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) para a área Xavante, Edson Beiriz, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, disse que “até o momento, os índios estão atendendo aos pedidos e de forma alguma vão entrar em choque direto com os posseiros”.
“A Funai está trabalhando com responsabilidade e esclarecendo aos índios que não é por aí o caminho”, declarou Edson Beiriz, lembrando também que não se pode “deixar de ignorar os direitos das famílias dos brancos que estão lá dentro“. Ele se referia a quase três mil famílias de posseiros que há 12 anos ocupam parte da Reserva Indígena dos Xavantes, área já homologada e demarcada oficialmente como indígena. A solução, para o coordenador da Funai, é trabalhar em conjunto com o Incra a Justiça. Só assim haverá o que ele classificou de “calma geral”.
“Não é justo privar os direitos sociais dos clientes da reforma agrária (os posseiros), que não têm para onde ir. São pessoas que ficarão sem um lugar onde morar. Mas também precisamos reconhecer os direitos dos indígenas, inclusive porque a terra deles está demarcada há muito tempo”.
Pedro Borges, com informações da Agência Brasil e da Funai