Garimpeiros matam servidor da Funai na reserva Yanomami

Funai – O servidor da Funai, índio Xerente Valdes Marinho Lima, 39, foi morto a tiros por garimpeiros que trabalhavam ilegalmente no Rio Couto Magalhães, dentro da Terra Indígena Yanomami, próximo à região da Maloca Paapiu, noroeste de Roraima. Valdes, que integrava uma equipe da Funai e investigava a presença de garimpeiros dentro daquela terra indígena, denunciada por líderes Yanomami. A equipe da Funai, composta de sete servidores, chegou ao local onde se encontravam os garimpeiros, por volta das 18h do dia 22 e foram recebidos a tiros por garimpeiros fortemente armados. Os servidores revidaram, fazendo com que os garimpeiros fugissem, abandonando a draga onde trabalhavam. No dia seguinte, segunda-feira, por volta de 7 horas, os servidores, que tinham permanecido na draga apreendida, foram atacados pelos garimpeiros, que portavam armas de grosso calibr, sem oportunidade de defesa, ocasião em que o servidor Valdes, que fazia a guarda, levou um tiro na região do tórax,  disparado de espingarda calibre 12mm,  falecendo em seguida.

Pegos de surpresa, os outros servidores, seis ao todo, fugiram para a Maloca Paapiu, em busca de socorro, de onde fizeram contato com o Administrador da Funai em Boa Vista, Martinho Alves. O corpo de Valdes foi resgatado, na tarde de terça-feira, por agentes da Polícia Federal, e conduzido ao Instituto Médico Legal de Boa Vista.O corpo de Valdes foi embalsamado, a mando da Funai, e será trasladado para Brasília, onde será velado no auditório do Edifício-Sede do Órgão, a partir das 9 horas do dia 26.  À noite o corpo segue para Palmas, e de lá, para a Terra Indígena Xerente, situada no município de Tocantínia (TO) onde será enterrado na Aldeia Porteira, de acordo com os rituais da Comunidade Xerente. Valdes Marinho Lima foi admitido no quadro de servidores da Funai em 10 de junho de 1986.
 
Tendo em vista o acontecido, o Administrador da Funai reuniu-se com o Superintendente da Polícia Federal de Roraima, Mário Spósito, onde planejaram uma operação de emergência para extrusar toda a Terra Indígena Yanomami. De acordo com Martinho, somente na região do conflito, existem cerca de 50 garimpeiros em atividade ilegal. A operação começou hoje, 25, e conta com 20 agentes da Polícia Federal e 10 servidores da Funai.

A entrada de garimpeiros na área é um problema, tanto para a Funai quando para os Yanommi. Para a Funai, em função dos enormes gastos efetuados com as necessárias operações de extrusão, implosão de pistas de pouso clandestinas, entre outros.  Basta ver que as pistas conhecidas como Hélio, Chico Veloso e Raimundinho, dinamitadas pela Funai em dezembro próximo passado, já foram recuperadas pelos garimpeiros, o que demandará novos gastos para inutilizá-las novamente. Para os Yanomami, os malefícios são maiores: destroem hábitos culturais milenares, disseminam doenças venéreas, alcoolismo e a prostituição entre a comunidade indígena.  Além disso, provocam a poluição dos rios e lagos onde promovem a garimpagem, deixando em suas águas o mercúrio usado, o que tem provocado doenças e mortes entre aqueles índios.

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